Partido do Brexit embalado para vitória em (mais uma) noite de pesadelo tory
Nigel Farage lidera voto de protesto no Reino Unido, numas eleições que o país já nem deveria estar a realizar. Liberais-democratas aproveitaram colapso dos conservadores e trabalhistas.
O Reino Unido deu o pontapé de saída nas eleições europeias, abrindo as urnas, a par da Holanda, logo na quinta-feira. Não obstante, a comunicação dos resultados oficiais prolongou-se pela noite dentro. Os horários pouco saudáveis da votação britânica não impediram, no entanto, a confirmação do que há muito se previa: a vitória robusta do Partido do Brexit, a queda a pique do Partido Conservador e o bom desempenho dos Liberais-Democratas
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O Reino Unido deu o pontapé de saída nas eleições europeias, abrindo as urnas, a par da Holanda, logo na quinta-feira. Não obstante, a comunicação dos resultados oficiais prolongou-se pela noite dentro. Os horários pouco saudáveis da votação britânica não impediram, no entanto, a confirmação do que há muito se previa: a vitória robusta do Partido do Brexit, a queda a pique do Partido Conservador e o bom desempenho dos Liberais-Democratas
Com cerca de 36% dos votos contabilizados, o recém-criado e monotemático partido de Nigel Farage superava os 31% do total, claramente por cima das restantes forças políticas britânicas. Um resultado que atesta a competência do antigo líder do UKIP em eleições para o Parlamento Europeu, ele que já tinha guiado o seu anterior partido à vitória em 2014.
Com a eleição no Reino Unido transformada num exercício de avaliação à gestão dos principais partidos do processo de saída da União Europeia, Partido Conservador e Partido Trabalhista foram amplamente prejudicados pelo eleitorado. O Labour nem conseguiu ganhar em Londres – foi ultrapassado pelos Liberais-Democratas.
Os tories – que concorreram sem programa e forçaram a sua líder, Theresa May, a bater com a porta – apontavam a 9% e um humilhante quinto lugar, atrás do Partido Verde. Números desastrosos para o partido responsável pelo futuro do “Brexit” e que serão um incómodo difícil de gerir para a próxima liderança, independentemente qual seja.
A par dos conservadores, também os trabalhistas estavam na calha para um resultado calamitoso. O partido de Jeremy Corbyn andava pelos 14%, sofrendo igualmente com a posição pouco clara da sua liderança em relação ao caminho a seguir, uma vez verificado o congelamento do processo de saída em Westminster.
Para além de terem sofrido às mãos do Partido do Brexit, Labour e partido tory acabaram ultrapassados na curva pelos Liberais-Democratas. O partido de Vince Cable – que deixa a liderança em Junho –, assumidamente remainer, superava os 20%, depois de um desempenho sensacional em Londres.
Com o Reino Unido na calha para sair da União Europeia no dia 31 de Outubro, depois de ter falhado o dia 29 de Março, e face ao estado de total fragmentação política no seu Parlamento, estas eleições foram disputadas no meio de um enorme sentimento de frustração do eleitorado em relação à classe política, que acabou por catapultar Farage e o seu novo partido.
Tal como prometido, o ex-líder do UKIP reclamará seguramente um lugar à mesa nas negociações entre Bruxelas e o Governo britânico, em nome do que entende ser um “direito democrático” do Partido do Brexit.