Presidente teme abstenção superior a 75% e apela ao voto “pelo futuro”
Numa mensagem ao país, Marcelo pede aos eleitores “esse pequeno sacrifício que é não deixar nas mãos de 20% ou de 25% a decisão que é de todos”. Recenseamento automático dos emigrantes deve fazer disparar abstenção.
O Presidente da República teme a maior abstenção de sempre nas eleições europeias deste domingo, que pode elevar-se para 75 ou 80%, e por isso faz um apelo aos eleitores para que façam “esse pequeno sacrifício” de dedicar “uns minutos do seu tempo àquilo que vai determinar os próximos cinco ano da nossa vida”.
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O Presidente da República teme a maior abstenção de sempre nas eleições europeias deste domingo, que pode elevar-se para 75 ou 80%, e por isso faz um apelo aos eleitores para que façam “esse pequeno sacrifício” de dedicar “uns minutos do seu tempo àquilo que vai determinar os próximos cinco ano da nossa vida”.
“Peço-vos esse pequeno sacrifício que é não deixar nas mãos de 20% ou de 25% a decisão que é de todos”, disse Marcelo Rebelo de Sousa na mensagem de apelo ao voto difundida este sábado, dia de reflexão.
A preocupação do Presidente tem razão de ser. A abstenção nas europeias é desde sempre muito elevada e este ano há uma agravante: a entrada em vigor do recenseamento automático dos emigrantes, que determinou um crescimento de 300 mil para mais de 1,4 milhões de cidadãos nacionais residentes no estrangeiro que passaram a estar no sistema.
Disse-o claramente: “Eu sei que o mais de um milhão de compatriotas que vive por esse mundo fora, e que, num passo histórico, passou a ter direito de voto, pode estar ainda longe destas suas primeiras eleições”. Os residentes no estrangeiro já são os que menos votam, e com um milhão de novos eleitores no estrangeiro, a abstenção total tenderá a disparar. Muitos podem nem sequer conseguir votar, como aconteceu no Reino Unido.
Marcelo Rebelo de Sousa também assinalou o tom em que correu a campanha eleitoral, considerando mesmo “um erro enorme” pouco se ter discutido a Europa. Disse-o assim: “Também sei que, nas campanhas eleitorais europeias, se fala de muito mais do que de Europa, sobretudo num ano, como este, em que daqui por quatro meses, há novas eleições, as eleições para a Assembleia da República. É, por isso, tentador ficar em casa e deixar a outros o encargo de irem votar, guardando para Outubro o voto considerado essencial. (…) Mas é um erro. É um erro enorme.”
Na Europa, sublinhou, “tomam-se decisões que marcam o nosso presente e o nosso futuro”, e “a Europa vai tomar, nos próximos meses e nos próximos anos, decisões fundamentais para o nosso futuro”. Por isso, insistiu: “Venho pedir-vos que esqueçais o que vos desgostou na campanha eleitoral, ou a tentação de pensar que é um voto incómodo, um voto desinteressante, um voto desnecessário, ou o comodismo de achar que votar é para os outros, para os núcleos duros dos partidos, para os entendidos, para os mesmos de sempre.”
“Assim começou, em tantos casos, a fraqueza das democracias. Assim começou, vezes demais, o caminho para a sedução dos poderes absolutos”, alertou. “Votar amanhã é não desistir da liberdade de mandar no nosso futuro”, concluiu.