Sporting conquista a Taça da sua redenção

Um ano depois da derrota com o Desp. Aves, os “leões” triunfaram no Jamor. Tal como sucedera na Taça da Liga, a vitória sobre o FC Porto chegou nos penáltis.

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Há pouco mais de um ano, no mesmo palco, o Sporting entrou em campo destruído e derrotado antes de dar um único toque na bola, por tudo o que se tinha passado cinco dias antes, a invasão à Academia de Alcochete. A derrota na final da Taça seria a consequência imediata desse incidente (muitas mais se seguiriam), mas os “leões”, 12 meses depois, encontraram a redenção no anfiteatro do Jamor, conquistando a 17.ª Taça de Portugal da sua história com um triunfo nos penáltis sobre o FC Porto, juntando esta conquista à Taça da Liga arrebatada a meio da época exactamente da mesma maneira

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Há pouco mais de um ano, no mesmo palco, o Sporting entrou em campo destruído e derrotado antes de dar um único toque na bola, por tudo o que se tinha passado cinco dias antes, a invasão à Academia de Alcochete. A derrota na final da Taça seria a consequência imediata desse incidente (muitas mais se seguiriam), mas os “leões”, 12 meses depois, encontraram a redenção no anfiteatro do Jamor, conquistando a 17.ª Taça de Portugal da sua história com um triunfo nos penáltis sobre o FC Porto, juntando esta conquista à Taça da Liga arrebatada a meio da época exactamente da mesma maneira

O triunfo no Estádio Nacional confirmou várias coisas: que o Sporting, com Marcel Keizer, tem uma competência especial para as provas a eliminar; e que Sérgio Conceição tem um problema nestes jogos com os “leões” que já vem de trás — já tinha perdido uma final no Jamor como treinador do Sp. Braga, e tem sido sempre batido pelo Sporting em tudo o que seja eliminatórias e finais nestas duas épocas que leva como técnico do FC Porto. Talvez os “leões” se tenham despedido de Bruno Fernandes e será, quase de certeza, o início da reconstrução para os “dragões”, que vão perder, pelo menos, Militão, Herrera e Brahimi.

Outra coisa que também ficou mais uma vez provada: raramente finais entre Sporting e FC Porto se resolvem em 90 minutos. Foi uma final de emoções. Golos, reviravoltas, incerteza e crença inabalável e inesgotável dos dois lados a prolongarem até ao limite este epílogo da época do futebol português, o jogo em que ninguém joga para o empate, que não vale pontos, mas vale uma conquista. 

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Tudo o que se passou durante a época ficava para trás. E foi assim que Sporting e FC Porto encararam esta final. Keizer e Conceição não surpreenderam nem arriscaram. Foram a jogo com o que tinham, o Sporting sem Borja e Ristovski, o FC Porto sem Casillas e Corona. 

Equilíbrios e domínio partilhado, foi assim a primeira parte. O FC Porto entrou melhor, teve uma grande ocasião por Otávio logo aos 6’, rechaçada por Renan Ribeiro, o Sporting respondeu na mesma moeda, com Vaná a fazer o mesmo a um tiro de Bruno Fernandes. Depois, veio a fase de domínio “leonino” alimentada pela rapidez de Raphinha e Diaby nas alas. A seguir, o FC Porto colocou-se por cima e chegou a celebrar um golo de Marega aos 23’, mas o árbitro invalidou o lance aconselhado pelo VAR — o maliano estava adiantado quando Soares ganhou um lance de cabeça.

Foi na sua melhor fase que o FC Porto chegou à vantagem. Aos 41’, Alex Telles meteu a bola na área, Bruno Fernandes fez o corte, mas a jogada continuou com Herrera, que cruzou para o cabeceamento certeiro de Soares. O mexicano pareceu dominar a bola com o braço, mas o lance foi validado e o FC Porto, depois de alguns segundos a prender a respiração, pôde finalmente festejar. 

Mas não teve muito tempo para saborear o golo. Poucos minutos depois, foi o salvador do costume a devolver o Sporting ao jogo antes do intervalo. Gudelj conduziu a bola até à área, meteu em Acuña e o argentino soltou para Bruno Fernandes. O capitão rematou e a bola, com um desvio em Danilo, só acabou na baliza.

Essa nota de equilíbrio diluiu-se na segunda parte. O FC Porto entrou mais decidido no segundo tempo e fez valor a maior rotação do seu meio-campo para se impor no jogo. Durante largos períodos, valeu ao Sporting o impecável trabalho de Coates e Mathieu frente a Soares e ao desaparecido em combate Marega. 

Marcel Keizer soube responder bem às exigências do jogo, reformulando a equipa com a entrada de Ilori, primeiro, e, depois, com Bas Dost, e assim conseguiu aguentar-se até ao fim dos 90 minutos.

Mais uma vez, este “clássico” iria ter tempo extra. O jogo passou a ser mais pausado e de menos risco até à altura em que reapareceu um goleador desaparecido. Bas Dost foi o Bas Dost dos seus melhores tempos na forma como aproveitou na perfeição um corte defeituoso de Felipe a um cruzamento de Acuña. O holandês foi felino a rematar e lançou o Sporting em festa antecipada. 

Em jeito mais ou menos desesperado, Conceição lançou o que ainda tinha no banco, Fernando Andrade e Hernâni, mas foi um homem da defesa a dar corpo à crença da equipa para lá dos 120 minutos. Felipe, que estava ser um dos piores dos “dragões”, subiu à área num canto e fez o empate.

Tal como acontecera na Taça da Liga, esta taça também iria para os penáltis. Bas Dost falhou o primeiro,  Pepe fez o mesmo no terceiro dos “dragões”. Cumpriu-se uma série de cinco e, no primeiro “mata-mata”, Fernando Andrade atirou para as mãos de Renan. Depois, foi Luiz Phellype, o goleador inesperado que veio da segunda divisão, a marcar o 12.º e último penálti, cumprindo a narrativa da redenção do Sporting um ano depois de um dos seus dias mais negros.