Trump: Huawei é “muito perigosa”, mas pode ser “incluída” num acordo com a China
Afirmação do Presidente americano dá argumentos aos que dizem que as sanções têm movitações económicas e não de segurança.
O Presidente americano classificou a Huawei como “muito perigosa”, naquela que foi a primeira declaração pública de Donald Trump sobre o assunto desde que, no domingo, os EUA anunciaram novas sanções contra a empresa chinesa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Presidente americano classificou a Huawei como “muito perigosa”, naquela que foi a primeira declaração pública de Donald Trump sobre o assunto desde que, no domingo, os EUA anunciaram novas sanções contra a empresa chinesa.
Porém, logo de seguida, Trump afirmou que a empresa poderá ser incluída num eventual acordo comercial com a China, dando assim argumentos aos que defendem que os ataques americanos à Huawei são motivados mais por questões económicas do que por razões de segurança.
“A Huawei é algo que é muito perigoso. Olha-se para o que eles fizeram de um ponto de vista de segurança, de um ponto de vista militar, é muito perigoso”, começou por dizer Trump, em resposta a uma pergunta colocada por um jornalista durante uma conferência de imprensa. “Por isso, é muito possível que a Huawei possa até ser incluída em algum tipo de acordo comercial. Se nós fizéssemos um acordo, eu conseguia imaginar a Huawei a ser possivelmente incluída em algum tipo, ou alguma parte, de um acordo comercial.”
A conferência de imprensa serviu para anunciar auxílios financeiros aos agricultores afectados pelo aumento das taxas aduaneiras sobre produtos que os EUA importam da China.
Questionado sobre como seria a parte da Huawei nesse acordo, Trump afirmou: “É muito cedo para dizer. Estamos apenas muito preocupados com a Huawei do ponto de vista da segurança.”
Na semana passada, os EUA colocaram a Huawei numa lista negra de entidades às quais as empresas americanas não podem fornecer nem comprar produtos e serviços. A medida foi justificada com os riscos de segurança levantados pela Huawei, uma acusação que os EUA têm vindo a enfatizar nos últimos meses.
Dias depois, a administração Trump decidiu adiar as sanções durante 90 dias, para dar tempo aos operadores americanos de se ajustarem. A Huawei já não vende telemóveis nos EUA, mas vários operadores têm equipamentos da fabricante chinesa nas suas infra-estruturas de rede.
Para cumprir a sanção, e naquela que foi a consequência mais dura até agora para a Huawei, o Google anunciou que teria de deixar de fornecer o sistema operativo Android, bem como a loja de aplicações e outros serviços (como os Google Maps e a aplicação do Gmail). Tal como acontece com a maioria dos fabricantes, estes serviços vêm agora pré-instalados nos telemóveis Huawei que a marca vende fora da China.
O fim da parceria com o Google coloca à Huawei, a segunda marca de telemóveis que mais vende em todo o mundo, o desafio de continuar a atrair consumidores para aparelhos que não têm as aplicações e serviços a que muitos, especialmente nos mercados ocidentais, estão habituados.
No Reino Unido, dois grandes operadores decidiram cancelar as vendas de um novo modelo 5G da Huawei, referindo dúvidas sobre a capacidade da empresa para cumprir as expectativas dos consumidores. O mesmo aconteceu no Japão.
Em Portugal, a Vodafone e a Meo disseram ao PÚBLICO não ter, por ora, intenções de fazer alterações à relação que têm com a Huwaei. A Nos não quis comentar.
Para os consumidores, as consequências das sanções americanas não são imediatas. Os telemóveis já vendidos, bem como aqueles que ainda estão em stock, continuarão a ter os serviços do Google.
A Huawei poderá também continuar a usar o Android, que é um sistema operativo de código aberto e que está à disposição de qualquer pessoa, mas terá de o fazer sem o suporte do Google. A empresa chinesa, cujo fundador disse estar a ser subestimada pelos EUA, já adiantou que uma possibilidade é desenvolver um sistema próprio.