Ferro Rodrigues pede um “grande resultado da esquerda” para que “geringonça” possa continuar
O presidente da Assembleia da República foi pôr água na fervura e pediu aos socialistas para que não ponham em causa continuidade da “geringonça” com ataques no presente. Socialistas já pensam nas eleições de Outubro.
No último dia de campanha eleitoral, ficou mais latente a divisão que reina dentro do PS em relação à estratégia de atacar a esquerda nestas eleições europeias, uma estratégia seguida por António Costa desde quarta-feira. Ferro Rodrigues chegou e deu a mão à “geringonça”, dizendo que as eleições europeias e legislativas são importantes para um “grande resultado da esquerda” e para que em Outubro “esta experiência [‘geringonça’] possa continuar”. O presidente da Assembleia da República desvalorizou a existência de divergências entre o PS e os partidos à sua esquerda no que a assuntos europeus diz respeito. “É preciso distinguir”, defendeu.
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No último dia de campanha eleitoral, ficou mais latente a divisão que reina dentro do PS em relação à estratégia de atacar a esquerda nestas eleições europeias, uma estratégia seguida por António Costa desde quarta-feira. Ferro Rodrigues chegou e deu a mão à “geringonça”, dizendo que as eleições europeias e legislativas são importantes para um “grande resultado da esquerda” e para que em Outubro “esta experiência [‘geringonça’] possa continuar”. O presidente da Assembleia da República desvalorizou a existência de divergências entre o PS e os partidos à sua esquerda no que a assuntos europeus diz respeito. “É preciso distinguir”, defendeu.
Para Ferro Rodrigues, estas eleições não são apenas importantes para a Europa, mas para “o processo político português”, uma vez que “daqui a poucos meses temos eleições legislativas”. O socialista não quer ver a continuidade da “geringonça” posta em causa por ataques sobre temas em que os partidos sempre estiveram em lados diferentes, o que nunca foi impeditivo de compromissos a nível nacional. Para Ferro, as europeias podem ter um de dois resultados: ou “são um travão” à “geringonça” ou um “um reforço para que essa experiência que tem conseguido bons resultados ao nível do desemprego, défice quase zero, possa continuar”.
Por isso, defendeu aos microfones do almoço-comício do PS na Trindade, em Lisboa, “é fundamental que haja um grande resultado da esquerda em geral e do PS em particular”.
O socialista assume que há diferenças entre os partidos, mas que é preciso separar as águas e não prejudicar alianças futuras com ataques presentes. “Não é preciso fazer um desenho para perceber que o esquema de alianças que tem funcionado em Portugal, e bem, não é reproduzível à escala europeia”. Até porque, referiu Ferro Rodrigues, no que toca a assuntos europeus, “a lógica que esses partidos têm é muito diferente do PS”. Alguns partidos “vão evoluindo”, mas “é preciso distinguir essas lógicas de compromisso”.
A nível europeu, apoiou “integralmente” António Costa na necessidade de uma barreira à extrema-direita abrangendo liberais e verdes”, disse.
No último dia de campanha é visível o contágio entre estas eleições europeias e as legislativas. Se Ferro Rodrigues fez a ligação, Pedro Marques, o candidato socialista que vai a votos no domingo, foi directo ao ponto: “Para podermos ter a confiança dos cidadãos, para o António ter mais confiança em Outubro, para que possamos implementar este sonho, é preciso votar no domingo”, pediu.
O “medo” chegou à campanha a reboque do “Brexit”
Normalmente, nas campanhas eleitorais há um momento em que um dos protagonistas fala no “medo”. E esse “medo” foi hoje trazido à campanha socialista pelo próprio candidato, Pedro Marques. “A esperança tem de ganhar ao medo. A Europa tem de ganhar aos nacionalismos”, disse.
O encadeamento no discurso do socialista partia da actualidade britânica. Pedro Marques lembrou a demissão de Theresa May, para dizer que é preciso temer que “os partidários de um ‘Brexit' duro ganhem talvez mais força”. Por essa razão, explicou, não deve haver dúvidas acerca da importância destas europeias. “Nós, europeus, temos de nos unir”, defendeu.
Num discurso mais virado para nacionalismos, Pedro Marques alertou para o facto de não ser tempo “de aventureirismos irresponsáveis, de ter um pé dentro e um pé fora como se tem visto com o ‘Brexit'”, mas também não é tempo de “voltar para trás, para os cortes e sanções”. Porque esses, disse, “foram gasolina para o crescimento de nacionalistas”.