Jerónimo responde a Costa: força de protesto? “Não somos pela política do come e cala”

CDU faz a última incursão ao Porto com arruada em Santa Catarina. Líder comunista volta o desafio para António Costa: se o euro é um bónus para a Alemanha, não quer mudar isso?

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Jerónimo de Sousa e João Ferreira fizeram uma das arruadas mais rápidas da CDU no Porto: menos de 20 minutos da Praça da Liberdade até meio da Rua de Santa Catarina. LUSA/JOSE COELHO

O líder comunista diz que ficou “surpreendido” por ouvir António Costa dizer que a CDU “é uma força de protesto lá na União Europeia e que aqui não é bem assim”. Porém, o líder do PCP gostou de ouvir o resto da mensagem do socialista: “Teve que reconhecer o papel, a intervenção e os avanços alcançados com o empenho do PCP, mesmo quando o PS não queria, como no caso do aumento das reformas, dos manuais escolares gratuitos, do fim do PEC”.

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O líder comunista diz que ficou “surpreendido” por ouvir António Costa dizer que a CDU “é uma força de protesto lá na União Europeia e que aqui não é bem assim”. Porém, o líder do PCP gostou de ouvir o resto da mensagem do socialista: “Teve que reconhecer o papel, a intervenção e os avanços alcançados com o empenho do PCP, mesmo quando o PS não queria, como no caso do aumento das reformas, dos manuais escolares gratuitos, do fim do PEC”.

“Mas acha que na Europa os comunistas continuam a ser uma voz de protesto. Tenho que reconhecer: sim, protestámos muitas vezes quando outros se calaram, incluído o PS, aceitando aos ditames, as imposições, os constrangimentos da União Europeia”, acrescentou Jerónimo de Sousa no discurso que encerrou a arruada no Porto, entre a Praça da Liberdade (bem no final dos Aliados) e meio da Rua de Santa Catarina. Ironicamente, a CDU assenta arraiais sempre à porta do centro comercial Via Catarina Shopping.

Jerónimo de Sousa falava já pressionado pelas bandeiras do PS cuja larga comitiva se posicionava na ponta nascente da rua, na Praça da Batalha. A arruada da CDU arrancou às 17h35 junto à icónica estátua do ardina, subiu a passo bem estugado a 31 de Janeiro e chegou a meio da Santa Catarina uns escassos 18 a 20 minutos depois.

Terá sido uma das arruadas mais rápidas no Porto, e menos participada do que as anteriores – facto a que não será alheio ter tido Ilda Figueiredo como cabeça de lista em 2009, que também continua a ser vereadora na Câmara do Porto. O PS tinha marcado a arruada que passava na rua pedonal das lojas para as 17h, mas acabou por adiar para as 18h30, já que o seu ritmo seria mais de passeio.

No fundo, o líder da CDU orgulha-se desse conceito de força de protesto, sobretudo porque o foi quando a UE tentou “liquidar” sectores da produção nacional como a agricultura, a pesca e a indústria, ao passo que os seus eurodeputados fizeram “propostas alternativas a pensar em Portugal e nos portugueses”. “E por isso não entendemos a expressão”.

E depois pega no tema do euro, citando a entrevista que António Costa deu ao PÚBLICO e que em dizia que “o euro foi um bónus à Alemanha”. “Honre-se a clareza. Mas sobra uma questão: se é assim, se um país, pobre ainda por cima, tem que dar bónus a um dos países mais ricos da União Europeia, então o que se faz? A resposta do primeiro-ministro foi ‘não se faz nada, continua a dar-se o bónus à Alemanha tendo em conta a política do euro’.”

Jerónimo de Sousa não entende esta incoerência de Costa e diz que os eurodeputados da CDU tentam “afirmar a soberania de Portugal, e a defesa dos direitos sociais e laborais e da produção nacional” em Bruxelas. Lembra que nunca foi perguntado ao povo português o que quer fazer sobre esses constrangimentos que a Europa lhe dita.

Considerando a expressão de Costa “muito interessante porque é muito incompleta”, o líder comunista lembrou que o candidato do PS, Pedro Marques, desafiou o PCP “sobre as questões do euro” – não, Jerónimo não se atreveu a dizer a expressão ‘sair do euro’ -, agora é a vez de a CDU lhe “devolver a pergunta em relação a António Costa: ‘o que significou dizer que foi um bónus à Alemanha?’”.

E veio o desafio: “Está de acordo em acabar com isso? Pois aí pode contar de certeza com o PCP, mas não a abdicação, com a política do ‘come e cala’, porque nós temos o direito à nossa soberania.”

O líder da CDU também falou das sondagens, que não têm sido auspiciosas para a CDU – e indicam sucessivamente a perda de um dos três mandatos. Para as criticar. “Como de costume, favorecem uns, prejudicam outros… mas enfim, sondagens são sondagens. É o povo que vota por enquanto, não são as sondagens e têm pouco a ver com aquilo que estamos a fazer”. A coisa “espantosa” que Jerónimo viu numa foi que nos jovens abaixo dos 24 anos nem um votou na CDU.

Por isso, resolveu fazer a sua sondagem logo ali, na calçada de Santa Catarina. “Então e tu? E tu? E vocês? E vocês aí atrás?” Pela primeira vez, ouvem-se as palmas e os gritos “Juventude CDU! Voto eu e votas tu! Juventude CDU!” – que tem estado, aliás, completamente arredada da comitiva de João Ferreira nestas duas semanas. “Pronto, então não se admirem que desconfiemos das sondagens…”, rematou