Embalada pelas sondagens, Marisa Matias pediu boleia na recta final da campanha
A candidata bloquista esteve esta manhã em Viseu, onde focou o seu discurso na precariedade e direitos dos trabalhadores.
No penúltimo dia de campanha, Marisa Matias reforçou o discurso dos últimos dias, reafirmando o Bloco de Esquerda como um partido de combate à precariedade. Numa manhã ocupada com uma visita à empresa de fabrico de chaves e fechaduras HUF, em Tondela, distrito de Viseu, a candidata do Bloco de Esquerda voltou a fugir às críticas do CDS e do PS, optando por não entrar em confronto com candidatos centristas e socialistas, cingindo-se ao guião dos últimos dias.
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No penúltimo dia de campanha, Marisa Matias reforçou o discurso dos últimos dias, reafirmando o Bloco de Esquerda como um partido de combate à precariedade. Numa manhã ocupada com uma visita à empresa de fabrico de chaves e fechaduras HUF, em Tondela, distrito de Viseu, a candidata do Bloco de Esquerda voltou a fugir às críticas do CDS e do PS, optando por não entrar em confronto com candidatos centristas e socialistas, cingindo-se ao guião dos últimos dias.
“Dá-me boleia?”, perguntou a um dos funcionários que passava com um carrinho de mercadorias durante a visita à fábrica. “Olhe que é melhor não, é melhor não”, ouviu de volta. Já sem medo de dar boleia estavam as funcionárias da fábrica, que procuravam a candidata à sua passagem. À semelhança do que tem acontecido no resto da campanha, são as mulheres quem mais elogiam “a garra” de Marisa Matias. Das feiras às fábricas, as eleitoras não ficam indiferentes à já eurodeputada e reclamam por “mais mulheres no poder”.
E foi justamente à procura do poder – mas dos trabalhadores – que a candidata bloquista foi à fábrica de Tondela para elogiar as reformas nos direitos laborais conquistados pelos mais de 400 empregados, sem deixar de apontar o caminho a fazer.
“Esta é uma fábrica onde temos o bom exemplo do que foi a luta dos trabalhadores e das negociações com a comissão dos trabalhadores”, justificou. Através das reivindicações dos funcionários, “a empresa conseguiu oferecer agora direitos que ainda não estão inscritos na lei”, contou Marisa. “Seria bom que alguns desses direitos conquistados pela luta dos trabalhadores fossem inscritos na lei. É sobre isso que estamos a trabalhar”, acrescentou criticando Bruxelas por procurar o que entende ser uma estratégia de precarização dos postos de trabalho, que vão “em sentido contrário”.
Não ter o reconhecimento de profissão de desgaste rápido e isso é fundamental porque ao fim de alguns anos a trabalhar por turnos o desgaste é mesmo muito e essa é uma das propostas do Bloco em Bruxelas, quando sabemos que em Bruxelas as recomendações são sempre em sentido contrário, temos aqui um bom exemplo.
Em resposta a António Costa, que esta quarta-feira afirmou que PCP e o BE afastaram-se do voto de protesto em Portugal, mas que não o fizeram em Bruxelas, Marisa Matias disse não ter “percebido muito bem” as palavras do primeiro-ministro e afirmou que o Bloco de Esquerda sempre respondeu a Bruxelas com “trabalho concreto e que responde aos problemas concretos das pessoas”.
“Fizemo-lo sempre, construímos maiorias políticas para melhorar a vida das pessoas, trabalhámos com pessoas de vários partidos, sempre, socialistas, de Portugal, de outros países da Europa. Raramente contámos com a direita liberal para fazer esses acordos, mas fazemos esse trabalho de um ponto de vista responsável”, insistiu.
Apesar da insistência dos jornalistas, Marisa Matias voltou a fugir e mostrou-se reticente em clarificar qual a posição do Bloco de Esquerda sobre a continuidade da moeda única, como o candidato socialista Pedro Marques a desafiou.
“Nós não acordámos hoje para discutir questões europeias nesta campanha. Discutimos ao longo de toda a campanha”, afirmou. A candidata acredita que “pela parte do Bloco, as pessoas estão mais do que clarificadas em relação às nossas posições”. “Não mudamos a nossa posição sobre a saída do euro”, disse, sem esclarecer qual a posição do partido em concreto.
A candidata escusou-se responder às duras críticas do CDS, que recuperaram o caso do antigo vereador bloquista Ricardo Robles e o seu afastamento do Bloco de Esquerda devido a um polémico negócio imobiliário. “Essa é a campanha dele [Nuno Melo]. A minha campanha é tentar fazer com as pessoas participem nas eleições europeias, não é afastá-las”, disse.
“Haverá o dia em que conseguiremos fazer política a discutir mesmo política. Em que haja o confronto das ideias, se procure integrar as pessoas na participação dessas discussões e a dar as suas opiniões, a fazer os seus comentários e as críticas e que se possa fazer uma campanha séria e em que política seja mesmo o centro”, o que ficará talvez para a próxima campanha.
A comitiva bloquista chega à recta final da campanha embalada pelos animadores resultados das sondagens reveladas esta quinta-feira. De acordo com os recentes balanços, os votos esperados para domingo duplicam o resultado das últimas eleições europeias para o Bloco. Apesar disso, Marisa Matias apresentou-se de pés assentes no chão e vincou que os votos não estão contados.
A candidata seguiu depois para o Porto, onde encerrará o comício bloquista na Invicta.