May recua na proposta do “Brexit” e pode anunciar data da sua saída

Primeira-ministra britânica adia publicação da proposta de lei para a saída da UE, que incluía possibilidade de referendo. Na sexta-feira discute os termos da sua saída com o grupo de deputados conservadores.

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Theresa e Philip May votaram esta quinta-feira nas eleições europeias EPA/NEIL HALL

A revolta interna no Partido Conservador e no Conselho de Ministros britânico, motivada pela nova versão do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, apresentada no início da semana por Theresa May, surtiu efeito. Em dia de eleições europeias, mais isolada do que nunca, a primeira-ministra britânica acedeu aos pedidos do seu partido e decidiu não publicar esta sexta-feira o documento que quer levar a debate e votação no Parlamento. 

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A revolta interna no Partido Conservador e no Conselho de Ministros britânico, motivada pela nova versão do acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, apresentada no início da semana por Theresa May, surtiu efeito. Em dia de eleições europeias, mais isolada do que nunca, a primeira-ministra britânica acedeu aos pedidos do seu partido e decidiu não publicar esta sexta-feira o documento que quer levar a debate e votação no Parlamento. 

Na ressaca de um dia agitado, que teve como pratos fortes a demissão da líder da bancada parlamentar tory, Andrea Leadsom, e uma onda ruidosa de rumores sobre a queda iminente de May, o Governo comunicou aos deputados que a proposta de lei do “Brexit” só será apresentada no dia 3 de Junho – o Parlamento interrompe os trabalhos durante a próxima semana.

A versão actualizada do acordo, revelada no início da semana pela primeira-ministra, incluía a possibilidade dos deputados votarem sobre a convocação de um novo referendo, antes da ratificação do mesmo, e sugeria uma união aduaneira temporária, para mercadorias, entre Reino Unido e União Europeia, depois do divórcio. 

Os argumentos de Jeremy Hunt (ministro dos Negócios Estrangeiros) e Sajid Javid (ministro do Interior), apresentados numa reunião de emergência esta quinta-feira, terão sido suficientes para convencer May a recuar. Se esse recuo se vai materializar no abandono total das disposições sobre um novo referendo e a união aduaneira, ainda não se sabe.

O anúncio de nova data para a publicação do acordo do “Brexit” e a nomeação de Mel Stride para o lugar de Leadsom – cargo fundamental para a apresentação da proposta na Câmara dos Comuns –, sugerem que a primeira-ministra não tenciona abandonar Downing Street, pelo menos para já. O Times noticiava, no entanto, que May pode demitir-se na sexta-feira.

Depois de na semana passada se ter comprometido a sair de cena após a quarta votação do acordo do “Brexit” em Westminster, a primeira-ministra vai voltar a encontrar-se com Graham Brady, líder do grupo de deputados conservadores sem cargos no Governo, para debater os termos da sua saída.

O jornalista da televisão ITV, Robert Peston, perspectiva que May aceite as exigências de Brady e anuncie o agendamento do início da corrida à liderança do Partido Conservador para o dia 10 de Junho, por ser a data limite imposta pela facção brexiteer conservadora.

Todas estas movimentações de bastidores sobre o futuro da primeira-ministra e do “Brexit” tiveram lugar no dia em que o Reino Unido participou nas eleições para o Parlamento Europeu. Os resultados só são conhecidos no domingo à noite, mas a vitória do Partido do Brexit, de Nigel Farage, é praticamente garantida.

O Partido Conservador dificilmente conseguirá colocar-se nos lugares cimeiros da contenda eleitoral. De acordo com as últimas sondagens, os tories disputavam com o Partido Verde o quarto lugar nas eleições, superados pelo Partido Trabalhista e Liberais-Democratas, para além do novo partido eurocéptico de Farage.