Sair do euro? João Ferreira diz que o PS está a “virar o bico ao prego”

Candidato da CDU diz que são os socialistas que têm que responder se querem continuar a ter o país que menos cresceu em 20 anos, cuja dívida mais aumentou.

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LUSA/ANDRÉ KOSTERS

Depois de andar a desafiar PS, PSD e CDS a assumirem as suas posições sobre questões de defesa dos interesses de Portugal na União Europeia, João Ferreira foi atingido nesta quarta-feira pelo boomerang socialista para que explique se quer mesmo sair do euro e se sabe o que isso representa na economia nacional. Na resposta, o candidato da CDU fugiu a dizer taxativamente que pretende que Portugal saia do euro - ou a explicar porque não defende isso nos comícios com os apoiantes - e acusou o PS de estar a “virar o bico ao prego”.

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Depois de andar a desafiar PS, PSD e CDS a assumirem as suas posições sobre questões de defesa dos interesses de Portugal na União Europeia, João Ferreira foi atingido nesta quarta-feira pelo boomerang socialista para que explique se quer mesmo sair do euro e se sabe o que isso representa na economia nacional. Na resposta, o candidato da CDU fugiu a dizer taxativamente que pretende que Portugal saia do euro - ou a explicar porque não defende isso nos comícios com os apoiantes - e acusou o PS de estar a “virar o bico ao prego”.

Questionado pelo PÚBLICO durante uma arruada no centro da Amora, na margem sul, João Ferreira começou por dizer que tem falado sobre isso na campanha, sim - mas só o fez perante os jornalistas uma única vez e quando confrontado sobre o assunto. “Talvez Pedro Marques estivesse distraído no debate que teve comigo, mas expliquei-lhe detalhadamente qual era a nossa posição a esse respeito.” E acrescentou: “Creio que vir numa altura destas com essa questão é uma tentativa clara de virar o bico ao prego, de esconder os compromissos que o PS teve - e mantém - com medidas que implicam um retrocesso dos direitos sociais e não progresso.”

Estão nesta lista de medidas, por exemplo, o aumento continuado da idade da reforma, a desregulação dos horários laborais, a abertura da porta a um mercado europeu de fundos de pensões privados, propostas para generalizar a precariedade laboral em especial para os jovens, a aprovação de uma “directiva dita de conciliação entre a vida profissional e a familiar que diminui os direitos de parentalidade e não garante a atribuição de licenças de maternidade e paternidade com pagamento obrigatório”. A que João Ferreira soma a aprovação de acordos comerciais com países “que não reconhecem direitos sociais e laborais básicos e que pressionam os trabalhadores europeus para aceitarem a desvalorização das suas condições de trabalho”.

Questionado sobre se o PS está a enganar os portugueses, o candidato da CDU recusa usar esse termo e diz que o partido “não está a ser absolutamente claro sobre as posições que assumiu” no Parlamento Europeu.

Voltando à questão de falar ou não sobre essa proposta de sair do euro, João Ferreira diz não saber em que pode “ser mais claro” - mas a verdade é que não se lhe ouve qualquer frase directa sobre o assunto. Prefere deixar os argumentos em cima da mesa, mas não a frase com todas as letras.

“Nós não queremos para os próximos 20 anos salários estagnados; nós não queremos o endividamento crónico do país; nós não queremos que Portugal se mantenha como um dos países que menos cresçam no mundo. E por isso olhamos de frente os problemas estruturais que o país enfrenta. Ao contrário de outros, temos respostas para esses problemas, para todas as questões, mesmo as mais difíceis. Há quem não tenha resposta sequer para as questões fundamentais”, aponta João Ferreira.

E chama António Costa para a discussão: “O primeiro-ministro disse que o euro foi o maior bónus que a Alemanha teve. É necessário que o primeiro-ministro responda também se está disponível para manter esse bónus à Alemanha e para manter Portugal amarrado ao subinvestimento, à estagnação, ao declínio económico e ao retrocesso social ou se quer reverter essa situação.”

João Ferreira questiona: “Como é que reverte essa situação mantendo as relações de desigualdades que se criaram nos últimos 20 anos no seio da União Económica e Monetária? Que explique como o pretende fazer.”

“Nós somos absolutamente claros em relação ao nossos caminho: o país precisa de recuperar a sua soberania também no plano monetário, de implementar políticas mais conformes com as suas necessidades e especificidades e não as receitas que se revelaram desastrosas nestes últimos anos.” Mais directo? Nem pensar.