Quinta morte na fronteira EUA-México agrava divisões sobre leis de imigração
Um adolescente da Guatemala morreu num centro de detenção norte-americano no Texas. Desde Dezembro, morreram nas mesmas condições outras duas crianças e dois adultos.
A morte de um adolescente da Guatemala num centro de detenção norte-americano, na fronteira entre o México e os EUA, relançou esta semana a troca de acusações entre o Presidente Donald Trump e o Partido Democrata sobre as leis anti-imigração.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A morte de um adolescente da Guatemala num centro de detenção norte-americano, na fronteira entre o México e os EUA, relançou esta semana a troca de acusações entre o Presidente Donald Trump e o Partido Democrata sobre as leis anti-imigração.
Carlos Gregorio Hernandez Vásquez, de 16 anos, chegou sozinho à fronteira entre o México e os EUA no dia 13 de Maio. Foi detido e levado para o centro de triagem de McAllen, no estado do Texas, onde deveria aguardar o desenrolar do seu processo.
De acordo com o protocolo, os menores devem ser transferidos para um abrigo dos Serviços de Saúde até 72 horas depois da detenção, mas Carlos Vásquez ficou em McAllen nos seis dias seguintes.
No último domingo, o adolescente guatemalteco foi diagnosticado com gripe. Depois de medicado, foi levado para o centro da guarda fronteiriça de Weslaco, a cerca de 20 km – segundo as autoridades, o objectivo era conter a propagação do vírus.
Foi encontrado sem vida na segunda-feira, sem que tenha sido ainda revelada a causa da morte.
Esta é a quinta morte nos últimos seis meses em centros de detenção norte-americanos ao longo da fronteira com o México, numa altura em que se assiste a um aumento do número de pessoas que tentam entrar nos EUA sem documentos, muitas delas mulheres e crianças em busca de asilo – entre Janeiro e Abril, foram detidas mais de 300 mil pessoas.
O congressista do Texas Joaquin Castro, do Partido Democrata, denunciou o que diz ser “uma epidemia de morte” na zona da fronteira, e culpou as políticas anti-imigração do Presidente Donald Trump.
“Ninguém morreu [nos centros de detenção] nos últimos dez anos. E, de repente, nos últimos seis meses, tivemos cinco mortes”, disse Castro numa conferência de imprensa. “Estão a esconder do povo americano a verdade sobre estas atrocidades.”
Em Dezembro, Jakelin Caal Maquin, uma criança de sete anos da Guatemala, morreu poucas horas depois de ter sido levada para um centro de detenção em El Paso, no estado do Texas. Poucos dias depois, Felipe Alonzo-Gomez, de oito anos e também da Guatemala, morreu num hospital no Novo México depois de ter adoecido no centro de detenção de Alamogordo.
Em Fevereiro, um mexicano de 45 anos morreu num centro de detenção no Texas, depois de ter sido detido pelos agentes do Vale do Rio Grande. E um mês depois, outro mexicano, de 40 anos, morreu num centro médico de El Paso depois de ter sido diagnosticado com sintomas semelhantes aos de uma gripe.
Numa reacção à morte do adolescente guatemalteco, noticiada esta semana, o Presidente norte-americano acusou o Partido Democrata de “tornar a situação muito, muito perigosa para as pessoas”, por não aprovar as propostas anti-imigração da Casa Branca. “Podemos resolver isto”, disse Trump.
No início do mês, o Presidente norte-americano revelou um novo plano de imigração baseado “no mérito” e que favorece os mais jovens, com mais instrução e falantes de língua inglesa – ao contrário do sistema actual, que favorece a permanência no país de imigrantes com laços familiares nos EUA.
O Partido Democrata disse que essa proposta não tem nenhuma hipótese de ser aprovada pela sua maioria na Câmara dos Representantes porque não prevê um caminho para a cidadania dos Dreamers – centenas de milhares de pessoas que chegaram aos EUA quando eram crianças e que ainda não têm a sua situação resolvida de forma definitiva.