Mark Rutte, mais “alemão” do que os alemães
Tem ambições europeias, procurando ocupar o vazio deixado pela saída do Reino Unido. Poderá ter ambições pessoais para presidir à Comissão ou ao Conselho Europeu, mas nega-as.
Durante a crise do euro, Mark Rutte, o primeiro-ministro holandês, foi sempre mais “alemão” do que os alemães. Capitaneou um grupo de países que ficou conhecido por Nova Liga Hanseática e que incluía a Finlândia, Áustria e as repúblicas bálticas (para além de alguns sectores da CDU da chanceler e do FDP alemão), que defendem o cumprimento estrito das regras do euro, com sanções para quem as infringir e sem ajudas suplementares.
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Durante a crise do euro, Mark Rutte, o primeiro-ministro holandês, foi sempre mais “alemão” do que os alemães. Capitaneou um grupo de países que ficou conhecido por Nova Liga Hanseática e que incluía a Finlândia, Áustria e as repúblicas bálticas (para além de alguns sectores da CDU da chanceler e do FDP alemão), que defendem o cumprimento estrito das regras do euro, com sanções para quem as infringir e sem ajudas suplementares.
A sua última batalha foi opor-se a um orçamento próprio da zona euro, de valor significativo, para funcionar como “estabilizador” em caso de choques assimétricos sofridos por um ou mais países que partilham a mesma moeda. Acabou por ceder em relação a uma versão mais “limitada”, propostas pelo primeiro-ministro português, António Costa - um “instrumento financeiro para a competitividade e a convergência” destinada apenas a apoiar reformas nas economias mais frágeis com vista a melhorar a respectiva competitividade e acelerar a convergência.
Falta ainda apurar, até ao Conselho Europeu de Junho, se esse “instrumento financeiro” é parte do orçamento plurianual da União ou funciona separadamente. Rutte também reivindica o poder de veto dos membros do euro sobre a concessão dessa ajuda. A outra batalha do primeiro-ministro holandês é contra o aumento do orçamento plurianual, mesmo que seja apenas para compensar a saída do Reino Unido.
Rutte lidera o Partido Liberal desde 2006, levando-o à chefia do governo pela primeira vez desde 1918, nas eleições de Novembro de 2010. Venceu as duas eleições seguintes, mas teve de formar diferentes coligações. Primeiro, com os democratas-cristãos, mas precisando do apoio parlamentar dos populistas de Gert Wilders. Depois, com o Partido Trabalhista. Finalmente, a partir de 2017, numa vasta coligação à direita e à esquerda, que exlui trabalhistas e populistas.
Teve um sério desaire eleitoral nas eleições regionais de Março passado, que servem também para a eleição do Senado holandês – o seu partido foi derrotado por uma nova formação de direita populistas, o Fórum para a Democracia, com um programa abertamente contra a imigração e contra a Europa, liderado por um académico de 36 anos, Tierry Baudet que, inesperadamente, ganhou a maioria na segunda câmara. (As sondagens para as europeias dão os dos partidos empatados).
Tem ambições europeias, procurando ocupar o vazio deixado pela saída do Reino Unido. Poderá ter ambições pessoais para presidir à Comissão ou ao Conselho Europeu, mas nega-as veementemente.