“É necessário aliança progressista contra a internacional da extrema-direita”, diz Costa ao Le Monde
Primeiro-ministro assegura que a reforma da zona euro e uma Europa mais perto dos cidadãos o aproximam do Presidente francês Emmanuel Macron.
Construir uma aliança progressista contra a internacional da extrema-direita é um dos motivos que o primeiro-ministro português invoca para a sua aproximação ao Presidente da França, Emmanuel Macron.
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Construir uma aliança progressista contra a internacional da extrema-direita é um dos motivos que o primeiro-ministro português invoca para a sua aproximação ao Presidente da França, Emmanuel Macron.
“Ao nível europeu, é absolutamente necessário edificar uma aliança progressista e democrática no momento em que a extrema-direita está a construir a sua internacional”, diz António Costa. Em entrevista ao Le Monde, nesta segunda-feira em que jantou no Palácio do Eliseu com o Presidente Macron, Costa insiste que o vídeo conjunto com o mandatário francês apelando à unidade das forças progressistas não exclui outras forças políticas. “Da mesma forma, enviei uma mensagem a Alexis Tsipras [primeiro-ministro grego do Syriza], é preciso construir no seio do Conselho Europeu uma grande frente para o futuro da Europa”, recorda.
Reafirmando o seu apoio ao socialista Frans Timmermans para a presidência da Comissão Europeia, o secretário-geral do PS e primeiro-ministro afirma esperar que Emmanuel Macron se junte no voto a Timmermans. “Ao nível europeu somos 28 [países] e a 28 é preciso encontrar pontos de vista comuns e alianças”, explica.
Sem rebuço, Costa revela o que o aproxima de Emmanuel Macron. “Em diversos aspectos, a começar pela reforma da zona euro, tenho as mesmas ideias que o Presidente Macron, que deu um impulso suplementar aos esforços reformistas para construir uma Europa mais próxima dos cidadãos”, refere.
António Costa contesta a ideia de que a esquerda europeia esteja moribunda e cita os resultados eleitorais em Espanha, na Finlândia, na Suécia e as previsões das sondagens para a Dinamarca. “A família social-democrata reforça-se um pouco por todo o lado”, salienta.
Sobre Portugal, o líder socialista faz depender a continuidade da fórmula que permitiu nos últimos quatro anos governar com o apoio do Bloco de Esquerda e do PCP aos resultados das próximas legislativas. “A fórmula política que encontrámos teve resultados, porquê mudar?”, interroga.
O primeiro-ministro alerta, uma vez mais, para que as precauções de Bruxelas face a investidores fora do espaço da União Europeia não levem ao proteccionismo comercial. “O objectivo de criar grandes campeões europeus não pode abafar a concorrência e prejudicar a inovação”, sintetiza. “A Europa foi construída na liberdade de empresa, se ela se encerra sobre si própria fechando as suas fronteiras aos refugiados, aos investidores, à circulação de ideias, perde”, diagnostica.
Quanto à presença de interesses da China, destaca que Portugal é o 12º país europeu a receber investimentos chineses. “Os que colocam essa questão, são os mesmos que gostariam de receber os investimentos que vão para Portugal”, critica.
Recordando que nas privatizações instadas pela troika também participaram empresas francesas, como a Vinci que ficou com os aeroportos da ANA, destacou a presença em Portugal de empresas gaulesas, do BNP Partibas à Renault, passando pela Natixis.
E recorda que os chineses da Huawei, no centro de suspeitas de espionagem a mando das autoridades de Pequim, fizeram um acordo para desenvolver a tecnologia 5 G com a Altice gaulesa presente no mercado nacional. “Não tenho nenhuma forma de impedir a Altice, que é uma companhia francesa, de comprar uma tecnologia à Huawei, não sei se o Estado francês pode”, comenta.