Uma manhã à boleia dos “jovens turcos” e dos passes sociais, mas pouco

Pedro Marques começou a manhã no Cais do Sodré, em Lisboa, onde deu de caras com a abstenção. Termina o dia em Aveiro, na companhia do seu sucessor no Ministério das Infra-Estruturas, Pedro Nuno Santos.

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Um político em campanha precisa muitas vezes de um desbloqueador de conversa para a primeira abordagem no contacto de rua. Se essa abordagem for logo às 8h num local de chegada de pessoas como o Cais do Sodré, a exigência da qualidade do desbloqueador duplica. Passos apressados, muita gente a correr a sair do metro, do comboio ou do barco para apanhar o autocarro, o cenário dificulta qualquer conversa entre um político e os eleitores. Pedro Marques tentou, mas nem sempre teve a melhor resposta.

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Um político em campanha precisa muitas vezes de um desbloqueador de conversa para a primeira abordagem no contacto de rua. Se essa abordagem for logo às 8h num local de chegada de pessoas como o Cais do Sodré, a exigência da qualidade do desbloqueador duplica. Passos apressados, muita gente a correr a sair do metro, do comboio ou do barco para apanhar o autocarro, o cenário dificulta qualquer conversa entre um político e os eleitores. Pedro Marques tentou, mas nem sempre teve a melhor resposta.

No bolso tinha o tema dos passes sociais para meter conversa, mas o estilo do candidato, menos invasivo e mais na expectativa de uma abordagem dos terceiros, travou muitas conversas nesta manhã de campanha. Os passes sociais deram-lhe algumas alegrias. Um senhor, claro apoiante da “geringonça”, pediu-lhe olho aberto para continuarem com essas políticas. “Senão ficamos sem transportes”, disse. “Ponham-se a pau com o PPD e o CDS. Juntem-se os três ou os quatro. Continua. Se põem lá o PPD ou o CDS à frente estamos desgraçados da vida…. os pobres”.

Marques sorri, mas não aprofunda a deixa lançada pelo apoiante. Diz apenas: “É preciso irmos votar muitos”. Defende e repete, no entanto, que os passes sociais lhe facilitaram a vida, apesar de uma ida ao Cais do Sodré ter mostrado que a abstenção e o desinteresse pela política é uma realidade que não se fica apenas pelos números. “Desta vez temos uma vantagem: temos algo muito, muito concreto para apresentar a estas pessoas, que é muito valorizado, que é a redução do preço dos passes sociais. Uma medida que contribui muito para a descarbonização da sociedade portuguesa, mas que melhorou muito a qualidade de vida das famílias”, responde aos jornalistas.

“É muito frequente que as pessoas refiram essa medida ou que nós, falando dessa medida, as pessoas a reconheçam como uma das mais importantes”, refere. Ainda no Cais do Sodré, Marques acabou por garantir a outro utilizador de transportes, que duvidava que o preço dos passes continuasse no preço actual, que com o PS “a medida é para ficar”.

A medida dá-lhe alegrias, mas o desinteresse reina, mesmo entre quem está parado na fila. Margarida Marques, quarta da lista, faz as honras e vai falando, longe das câmaras, com cada um dos que esperam o autocarro, dando-lhe o panfleto da campanha e apelando ao voto no domingo. Panfleto esse que não tem o nome do candidato escrito em lado nenhum: “Uma imagem vale mais do que mil palavras”, responde ao PÚBLICO. Na imagem, aparece ao lado do primeiro-ministro, o activo mais valioso para esta campanha do socialista. Contudo, acabou por encontrar uma professora que lhe agradeceu, em tom sarcástico, os socialistas terem-se esquecido dos professores por dez anos. “Percebo que haja descontentamento nessa classe profissional. Temos de gerir com equilíbrio aqui no país como na Europa. Acredito que há quem esteja descontente, ninguém ganha as eleições por 100%”, responde.

Por estes dias, Marques repete a ideia de que o que quer é combater a abstenção, mas olhou-a nos olhos nesta manhã. “É um desafio para nós todos, tem a ver com o quotidiano das pessoas. Há aqui pessoas com uma vida muito exigente, uma vida que lhes arrebata tudo das suas forças, energias, entre trabalho, deslocações, família. A obrigação dos políticos é fazer o que tenho dito ao longo desta campanha: trabalhar para as pessoas e melhorar a vida das pessoas, sempre que fizermos isso, acredito que as pessoas se aproximarão”.

Em hora de ponta, a comitiva seguiu no metro em sentido contrário ao do fluxo maior, foi do Cais do Sodré a Moscavide onde acabou por fazer uma mini-arruada, que se repetirá na sexta-feira. Pedro Delgado Alves, deputado e presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, e Duarte Cordeiro, secretário de Estado adjunto e dos Assuntos Parlamentares, acompanharam o trajecto. São dois dos jovens turcos que o acompanham durante o dia de hoje. Esta noite terá a visita do terceiro. Pedro Nuno Santos, seu substituto no Ministério das Infra-Estruturas, irá ao comício em Aveiro.