Já se pescaram as cinco mais belas sardinhas das Festas de Lisboa
Do feminismo ao ambientalismo, passando pelo espírito lisboeta, as cinco sardinhas vencedoras do concurso deste ano vão estar expostas durante todo o mês de Junho no Espaço Trindade. Está dado o tiro de partida para as festas da cidade.
Todas de origem portuguesa e todas, também, com alguma mensagem a passar. As sardinhas vencedoras do concurso promovido pela EGEAC, a empresa municipal de cultura, estão escolhidas e não passam ao lado dos temas mais debatidos na sociedade. Por isso, e como não poderia deixar de ser, o alojamento local, que se espalhou por toda a cidade, lá aparece com a forma do pequeno peixe. Paredes amarelas, canteiros, varandas estreitas e esquinas lisboetas.
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Todas de origem portuguesa e todas, também, com alguma mensagem a passar. As sardinhas vencedoras do concurso promovido pela EGEAC, a empresa municipal de cultura, estão escolhidas e não passam ao lado dos temas mais debatidos na sociedade. Por isso, e como não poderia deixar de ser, o alojamento local, que se espalhou por toda a cidade, lá aparece com a forma do pequeno peixe. Paredes amarelas, canteiros, varandas estreitas e esquinas lisboetas.
Com o lançamento destas sardinhas em cartão, a cidade prepara-se para acender grelhadores, escolher tronos de Santo António e montar arraiais.
Mas comecemos pela rainha da festa. Tal como o alojamento local, também os movimentos sociais e ambientais, que cada vez mais voz ganham, se fizeram ouvir neste concurso. O plástico preenche os oceanos, aqui preenche a conhecida sardinha, numa alusão aos perigos do uso do plástico e às consequências do mesmo. O movimento feminista, que recentemente foi eleito como um dos projectos vencedores do orçamento participativo de Lisboa, é agora retratado numa das eleitas. Em tons de roxo e verde, cores que marcam o movimento, estão representadas várias mulheres – com diferentes estratos sociais, etnias, origens e culturas.
A representação dos vários movimentos culmina numa multidão, num “cardume” de indivíduos que “andam como se fossem uma só”, todos juntos numa sardinha.
O concurso tinha como mote “100% sardinha” mas abriu mais os horizontes com apelos à sustentabilidade e menor consumo. A nona edição do concurso teve bastante adesão: 31 nacionalidades e idades compreendidas entre os 8 e os 87 anos. Os cinco vencedores recebem, além do reconhecimento, um prémio no valor de dois mil euros.
Também nas menções honrosas, eleitas através de uma votação nas redes sociais, se elegeram cinco sardinhas. Todos os vencedores, tanto de um concurso como de outro, são de Portugal.
2019 traz outras novidades ao concurso: este foi pela primeira vez alargado às escolas, para estimular a participação dos estudantes do 1º, 2º e 3º ciclos, através da criação da “Turma da Sardinha”. A turma vencedora, este ano, é da Escola Secundária Marques de Castilho.
Que comece a festa
Mas não é só com peixe em grelhadores, vinho e música popular que se faz a festa em Lisboa. Há 500 anos foram feitas as circum-navegações de Fernão de Magalhães e, há 75 nasceu António Variações. Daqui a uma semana, ambos são celebrados na cidade, uma homenagem inserida do extenso programa que ocupa todo o mês de Junho.
A Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) e a Câmara Municipal de Lisboa (CML) trazem para as ruas da cidade um evento que funde a modernidade com o carácter tradicional e popular das festas lisboetas. “Antes de haver Festas de Lisboa já havia festas em Lisboa”, afirma o presidente da CML, na conferência de imprensa onde o programa foi apresentado. A ideia, explica também a presidente da EGEAC, Joana Gomes Cardoso, é precisamente celebrar esse “casamento improvável”, numa cidade que tem tanto do futuro como tem do passado.
Arranca no dia 1 de Junho, com uma performance de funambulismo – a arte circense de caminhar sobre uma corda em posição elevada – por Tatiana-Mosio Bongonga. Na Alameda D. Afonso Henriques, a 33 metros do chão, a artista vai caminhar sobre uma corda bamba por mais de 300 metros, numa alusão às viagens de Fernão de Magalhães e à vontade e coragem de alguém se “lançar rumo ao desconhecido”. “Linhas Voadoras”, às 19h30, dá início a um mês com centenas de eventos.
No mesmo dia, em que se celebra o Dia da Criança, a Quinta das Conchas recebe o espectáculo Guardar Segredo, distribuído por guarda-fatos espalhados por todo o espaço. No interior de cada um caberá uma performance, apenas com um espectador, onde se falará de segredos e de os guardar. Também o teatro LU.CA – que celebra nesta edição o seu primeiro aniversário – se muniu de programação infanto-juvenil, espalhada pelos primeiros três dias do mês.
É em mês de Santo António que as marchas voltam à rua e este ano voltam a ser 23 as que descem a Avenida da Liberdade – e contam também com uma convidada, a Marcha Popular da Ribeira de Frades.
Já o Castelo de S. Jorge recebe noites de fado com outros dois “casamentos improváveis”: Ana Moura junta-se aos Sopa de Pedra, no dia 14 de Junho, e Raquel Tavares sobe ao palco com Gospel Collective no dia 15.
O fim do mês traz outros festivais para as ruas de Lisboa, como o Com’Paço e o Lisboa Mistura. Entre bandas filarmónicas e diversidade cultural, a Alameda D. Afonso Henriques e a Quinta das Conchas recebem música num contexto que celebra a diversidade e a arte.
O mês termina relembrando alguém que sempre esteve à frente do seu tempo. Num espectáculo com Ana Bacalhau, Manuela Azevedo, Conan Osiris, Paulo Bragança, Selma Umasse e Lena D’Água, o Jardim da Torre de Belém inunda-se da obra de António Variações. No ano em que celebraria 75 anos, Lisboa traz à memória dos portugueses o artista futurista que nem o presente consegue conter. O espectáculo, que encerra o evento, fará uma viagem pelo reportório do artista, agora reinterpretadas pelos artistas e pela Orquestra Metropolitana de Lisboa.
Texto editado por Ana Fernandes