May acena com segundo referendo para conseguir apoio para o seu “Brexit”

Primeira-ministra britânica vai acrescentar à sua proposta uma disposição que oferece aos deputados a possibilidade de decidirem pela convocação de um novo referendo.

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Theresa May Reuters/HENRY NICHOLLS

Numa última tentativa de obter apoios no Parlamento para aprovar o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, que negociou com Bruxelas, Theresa May anunciou, esta terça-feira, que vai dar aos deputados a possibilidade de decidirem pela realização de um segundo referendo. 

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Numa última tentativa de obter apoios no Parlamento para aprovar o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, que negociou com Bruxelas, Theresa May anunciou, esta terça-feira, que vai dar aos deputados a possibilidade de decidirem pela realização de um segundo referendo. 

A primeira-ministra britânica comprometeu-se a incluir na proposta que vai levar à Câmara dos Comuns, no início de Junho, uma disposição que, em caso de aprovação, permitirá aos parlamentares darem luz verde ou rejeitarem a uma nova consulta popular. 

Insistindo que não acredita que um segundo referendo deva ser “o caminho a seguir”, uma vez que se deve “implementar o resultado do primeiro referendo”, May reconheceu, no entanto, “a força genuína e sincera dos sentimentos da câmara sobre essa importante questão”.

E por isso revelou que “o Governo irá incluir uma exigência para se votar sobre a realização de um segundo referendo na proposta de lei para a saída” da UE, que “terá de ter lugar antes da sua ratificação”.

“Os deputados que querem um segundo referendo de confirmação do acordo terão de ter um acordo e a aprovação da proposta de lei para a saída é necessária para tal. Deixem a proposta ser aprovada e depois apresentem o vosso caso ao Parlamento”, pediu a primeira-ministra, numa apresentação intitulada de “Brexit” New Deal.

As novidades do documento do “Brexit”​ incluem ainda uma maior protecção dos direitos dos trabalhadores e a promessa de uma proposta de compromisso relacionada com a participação do Reino Unido numa união aduaneira com a UE, depois da saída, baseada no que foi sugerido ao Partido Trabalhista nas discussões que entretanto colapsaram: uma união aduaneira temporária apenas para mercadorias e a possibilidade de o futuro Governo decidir se a mantém ou revoga.

Resta saber se as mudanças serão suficientes para convencer um Parlamento que já chumbou o acordo de May em três ocasiões – obrigando ao adiamento do “Brexit” até 31 de Outubro – e que já sabe que, independentemente do desfecho da quarta votação do documento, a primeira-ministra vai ceder o lugar no Governo e na liderança do Partido Conservador.

Se os deputados remainers do Partido Trabalhista, Partido Conservador, Liberais-Democratas e Partido Nacional Escocês podem sentir-se atraídos pela novidade trazida por May, a nova disposição dificilmente convencerá os deputados brexiteers e, principalmente, os que integram a ala eurocéptica conservadora.