Inspecção detecta pouca diversidade e falta de fruta nas máquinas de venda automática do SNS
Acção decorreu em 2018 em dez estabelecimentos hospitalares do país, onde foram verificadas duas centenas de máquinas.
Uma acção inspectiva da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) às máquinas de venda automática do Serviço Nacional de Saúde detectou pouca diversidade na oferta alimentar e ausência de fruta fresca.
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Uma acção inspectiva da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) às máquinas de venda automática do Serviço Nacional de Saúde detectou pouca diversidade na oferta alimentar e ausência de fruta fresca.
Solicitada pela Ordem dos Nutricionistas em Outubro de 2017, com o objectivo de verificar o cumprimento do despacho que limita produtos prejudiciais à saúde destes equipamentos no SNS, a acção decorreu em 2018 em dez estabelecimentos hospitalares do país, onde foram verificadas duas centenas de máquinas.
Em declarações à agência Lusa, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, disse que os resultados revelam “uma avaliação satisfatória da conformidade do conteúdo das máquinas”, mas que “a maioria dos equipamentos acaba por não incluir uma grande parte de alimentos que são recomendados” no despacho.
O despacho, que entrou em vigor em Setembro de 2016, fixava Março de 2017 como o prazo-limite para que bebidas alcoólicas, refrigerantes, doces, salgados, refeições rápidas e/ou com molhos fossem retiradas destes equipamentos. O despacho determina ainda como obrigatório que as máquinas disponibilizem água e um conjunto de alimentos, entre os quais fruta.
A acção verificou que a legislação foi cumprida, tendo havido uma alteração na oferta alimentar, mas “peca por defeito”, disse Alexandra Bento. Segundo a inspecção, a oferta é reduzida e pouco diversificada, verificando-se que nenhuma das máquinas dos estabelecimentos hospitalares inspeccionados disponibiliza fruta fresca.
“Podemos dizer que estamos satisfeitos, achamos que o primeiro desafio foi cumprido, mas há que avançar no sentido de que amanhã as máquinas de venda automática não tenham só aquilo que é permitido na justa medida, mas que disponibilizem um conjunto de alimentos considerados de presença preferencial e que está bem explicitado no despacho”, defendeu a bastonária.
Para Alexandra Bento, há um trabalho que tem de ser feito para que, quando houver uma nova acção inspectiva, “o resultado não seja satisfatório, mas seja um resultado excelente”, e que as máquinas automáticas do SNS, os bares, as cafetarias e os bufetes possam disponibilizar “uma vasta variedade de produtos alimentares saudáveis e apelativos, como fruta”.
“Se trabalharmos desde cedo em programas de educação e literacia alimentar e que para uma criança um palito de cenoura possa ser tão apetitoso como uma batata frita, estou certa de que, nessa altura, as instituições vão, de forma mais convicta, disponibilizar uma oferta alimentar mais saudável”, sustentou. O objectivo, acrescentou, é caminhar no sentido de todos os portugueses adoptarem hábitos alimentares mais equilibrados e optarem pelo que é mais saudável
As acções inspectivas foram realizadas por uma equipa da IGAS com participação de peritos nutricionistas, em resultado da articulação institucional com a Ordem dos Nutricionistas.
A operação decorreu no Hospital Distrital de Santarém, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, nos Instituto Português de Oncologia de Coimbra e do Porto, no Hospital Distrital da Figueira da Foz, no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, no Hospital de Braga, no Hospital de Santa Maria Maior, no Hospital de Garcia de Orta e no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental.
Em Junho de 2018 a Ordem dos Nutricionistas solicitou também à IGAS uma outra acção inspectiva aos bares, cafetarias e bufetes do SNS com a intenção de verificar o cumprimento do despacho que limita a disponibilização de produtos com altos teores de sal, estando ainda a aguardar a sua realização.