Anestesistas do Hospital Amadora-Sintra iniciam cinco dias de greve
Pedem que a equipa de urgência tenha quatro especialistas para garantir a segurança clínica. Faltam anestesistas há “vários anos”.
Os médicos anestesistas do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) iniciaram às 8h desta segunda-feira uma greve de cinco dias para exigir a contratação de mais especialistas e condições de segurança clínica.
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Os médicos anestesistas do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) iniciaram às 8h desta segunda-feira uma greve de cinco dias para exigir a contratação de mais especialistas e condições de segurança clínica.
Convocada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e o Sindicato dos Médicos da Zona Sul, a greve, que termina às 20h de sexta-feira, visa reivindicar que a equipa de urgência tenha quatro especialistas para garantir a segurança clínica nas áreas de bloco operatório, bloco de partos, unidade de cuidados pós-anestésicos, reanimação intra-hospitalar e actividades fora do bloco operatório (como salas de TAC ou laboratório de hemodinâmica).
“Os médicos anestesistas do Hospital Amadora-Sintra há vários anos que têm chamado a atenção para a séria e grave limitação de anestesistas por excesso de trabalho sem qualquer tipo de resposta por parte do Ministério da Saúde ou mesmo do Conselho de Administração” do hospital, disse à agência Lusa o secretário-geral do SIM, Roque da Cunha.
Nesse sentido, decidiram fazer uma greve por cinco dias, estando “assegurados os serviços mínimos com escalas dos serviços de urgência, lavrados pelos sindicatos, que vão ter mais médicos do que aqueles que ocorrem hoje nos serviços normais”, disse o sindicalista.
“Com isto, nós esperamos que o Ministério da Saúde acorde e que resolva o problema”, vincou.
Segundo Roque da Cunha, são necessários “mais especialistas e é preciso um plano para que, quando ocorrem situações de excesso de procura, num hospital com cerca de 120 mil utentes sem médico, onde os anestesistas têm um bloco operatório, bloco de partos, têm imensos exames (TAC, colonoscopias e endoscopias), não se conte” com “a exaustão dos responsáveis” do serviço da anestesia.
Por isso, defendeu, “é fundamental” que as escalas sejam organizadas e que “haja cumprimento dos descansos, porque só dessa forma é que é possível que os médicos ali continuem, porque são muito desejados por parte de outros hospitais”.
Os sindicatos adiantam, em comunicado, que as escalas de urgência abaixo dos mínimos põem em causa a segurança dos doentes e dos profissionais, tendo os médicos denunciado esta situação por respeito aos seus doentes.
“A grande maioria dos anestesiologistas já ultrapassou ou está quase a ultrapassar os limites máximos de trabalho suplementar anual de 150 horas. Os médicos fazem e continuam a fazer milhares de horas extra por ano para os serviços não fecharem”, alertam.
Os anestesistas do Amadora-Sintra queixam-se ainda de “sobreposição de tarefas” que os colocam “sob incomportável pressão”.