Protagonistas da primeira semana de campanha
São todos caras ou instituições conhecidas, mas algumas andavam desaparecidas. Ou nunca se mostraram muito nestas lides.
Pires de Lima
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Pires de Lima
Na recente crise dos professores, o ex-ministro António Pires de Lima quebrou o silêncio de há longo tempo para criticar a posição do CDS: “Ou se está com Mário Nogueira ou com os contribuintes”. A frase caiu mal no CDS-PP mas, resolvida a crise, o antigo dirigente do CDS-PP quis mostrar que não está zangado com o partido e apareceu na campanha. Numa visita ao mercado de Cascais, ao lado de Nuno Melo e Mota Soares, Pires de Lima não poupou o primeiro-ministro e pediu um “cartão amarelo” ao PS nestas eleições por causa das nomeações de familiares para o executivo e administração do Estado. Palavras duras foram só para o Governo. Sinal de que as pazes estão feitas?
Luís Montenegro
Há poucos meses, a imagem era quase impensável: Luís Montenegro a fazer campanha ao lado de Salvador Malheiro, o vice-presidente do PSD que esteve nos bastidores a juntar tropas para Rui Rio poder vencer o duelo com o antigo líder parlamentar. O cenário para Montenegro voltar à política activa foi escolhido a dedo: uma feira em Espinho, a sua terra natal. Paulo Rangel mostrou-se satisfeito com a presença do desafiador de Rui Rio e as divergências internas foram desvalorizadas. Luís Montenegro elogiou Paulo Rangel – “é o melhor candidato das europeias” – escusou-se a comentar a recente crise dos professores e aproveitou para criticar o Governo. E prometeu voltar a aparecer ao lado de Rui Rio na campanha para as legislativas.
Joe Berardo
Foi a figura ausente mais presente nas campanhas durante a semana. Um dia depois de Joe Berardo ser ouvido no Parlamento, a bloquista Marisa Matias indignou-se: “O riso de Berardo, quando confrontado com a sua delinquência financeira, é o melhor retrato da elite medíocre e parasitária. Depois, o caso subiu de tom. Nuno Melo, do CDS-PP, lançou o desafio: “Berardo não merece ser comendador de coisa nenhuma”. O CDS-PP fez a proposta, e Rui Rio disse concordar “plenamente”, para que lhe sejam retiradas as condecorações, o que foi aceite pela comissão parlamentar de inquérito em que o empresário foi ouvido. Na quinta-feira, Nuno Melo acabou por associar Joe Berardo a José Sócrates e ao actual primeiro-ministro mas com uma confusão entre fundações (a que foi criada por despacho do antigo primeiro-ministro e António Costa para expor a colecção de arte e a instituição a que a CGD fez os empréstimos). O erro foi, depois, assumido pelo candidato do CDS. O polémico Berardo também chegou à campanha da CDU com João Ferreira a salientar que o caso é um sinal de “promiscuidade entre o poder financeiro, económico e poder político”. Só Pedro Marques, o candidato do PS, ficou por estes dias em silêncio sobre o caso.
Pedro Santana Lopes
O líder da Aliança foi notícia nesta primeira semana ao sofrer um aparatoso acidente de automóvel na auto-estrada quando se deslocava entre duas acções de campanha com o candidato do partido Paulo Sande. Pedro Santana Lopes foi hospitalizado mas teve alta um dia depois, está em recuperação e deverá regressar à campanha nos próximos dias. À hora do acidente, dezenas de sociais-democratas preparavam-se para embarcar num veleiro em Lisboa, numa acção de campanha, e foram muitos os que se mostraram preocupados com o estado de saúde do ex-líder do PSD. O presidente da Aliança regressava a Lisboa para uma iniciativa em Cascais, com a presença do social-democrata Carlos Carreiras. Santana Lopes tinha estado em Coimbra onde defendeu que os portugueses deviam dar um “grande susto” aos partidos tradicionais.
Patriarcado de Lisboa
Uma instituição pode ser uma figura da semana? Pode. E o Patriarcado de Lisboa, por “imprudência" (como justificou mais tarde), acabou por marcar a agenda política. Tudo porque partilhou, no Facebook, uma publicação que apelava ao voto em partidos e coligações pró-vida, como CDS, Basta e Nós, Cidadãos!. As forças políticas acabaram por desvalorizar a imprudência da igreja e não cavalgaram a polémica, dando rapidamente o assunto por encerrado. Mas fica no registo da primeira semana.