De certeza que vai votar? Menos de metade diz que sim
Há 30 anos que não existe uma taxa de abstenção próxima dos 50%, como aquela que existirá se se confirmar a tendência revelada nesta sondagem. Em 2014, a abstenção foi de 66,2%.
Na sondagem da CESOP, 49% dos inquiridos garantiram que iriam exercer o seu direito de voto nestas eleições. É provavelmente a resposta mais surpreendente desta sondagem, pois, a confirmar-se, seria uma alteração de fundo dos hábitos de votação dos portugueses nas europeias desde que elas existem em Portugal.
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Na sondagem da CESOP, 49% dos inquiridos garantiram que iriam exercer o seu direito de voto nestas eleições. É provavelmente a resposta mais surpreendente desta sondagem, pois, a confirmar-se, seria uma alteração de fundo dos hábitos de votação dos portugueses nas europeias desde que elas existem em Portugal.
É preciso recuar 30 anos, a 1989, para encontrarmos uma taxa de abstenção próxima dos 50% como aquela que este estudo de opinião revela. Nesse ano realizaram-se as segundas eleições para o Parlamento Europeu em Portugal, depois de, em 1987, se terem realizado as primeiras em simultâneo com as legislativas, com uma taxa de abstenção de 27,8%. A partir daí, nunca mais a abstenção nas europeias baixou da casa dos 60%. Em 2014, atingimos a mais alta taxa de abstenção de sempre: 66,2%.
Agora, os inquiridos neste estudo de opinião foram benevolentes: apenas 17% afirmaram que não tencionam ir votar, ou não vão de certeza, enquanto 15% disseram que ainda não sabem se votam e 19% preferem dizer que, em princípio, vão votar. Os homens são os que afirmam mais categoricamente que vão às urnas no domingo (51%), e só 48% das mulheres dão essa certeza. Aliás, as mulheres mostram-se mais indecisas, tanto em relação a exercer o direito de voto, como em quem hão-de votar.
São os mais velhos (acima dos 65 anos) os mais peremptórios em afirmar que vão preencher o boletim (52%), mas a diferença em relação aos mais jovens não é muito grande (49%). Aliás, se somarmos aqueles que dizem que votam com os que dizem que, em princípio, vão às urnas, os jovens ganham aos seniores acima dos 65 anos: 72% no primeiro caso contra 67% do segundo.
Por outro lado, são menos os jovens eleitores que dizem que de certeza não vão votar (16%) do que os do último escalão etário (19%). Isso também parece contrariar a ideia tantas vezes repetida de que os jovens não querem saber de política. Os mais indecisos em relação a exercer o direito de voto são os eleitores entre os 25 e os 34 anos.
Esta tendência é confirmada por uma outra: a intenção de votar é mais forte entre pessoas com maior grau de escolaridade. Entre os inquiridos que não completaram o secundário, 21% dizem que não vão votar. Essa resposta baixa para os 19% entre os que terminaram o ensino secundário e reduz-se para 8% entre os que têm grau universitário.
Historicamente, no entanto, as respostas dos inquiridos sobre a intenção de exercer o direito de voto são as que mais têm falhado. E com as temperaturas a subir, como se prevê, podendo chegar aos 35 graus no próximo domingo, é previsível que muitos dos que garantiram que vão votar acabem por não o fazer.
Voto antecipado: um sucesso e um fracasso
A grande novidade da organização deste acto eleitoral foi a possibilidade de qualquer eleitor se poder inscrever para votar por antecipação, sem ter de justificar por que motivo. Foi um sucesso: inscreveram-se quase 20 mil pessoas para votar no domingo passado. “As pessoas que se inscreveram para votar antecipadamente queriam mesmo exercer o seu direito e não o podiam fazer no próximo domingo. Isto já é um passo para diminuir a abstenção”, afirmou a secretária de Estado da Administração Interna, Isabel Oneto, no Porto. Ela própria o fez.
No entanto, destes que se inscreveram, 4675 não chegaram a votar. Poderia ser a habitual abstenção (e seria reduzida, 24%), mas não é correcto tirar essa conclusão. Por dois motivos: primeiro, porque quem não exerceu essa prerrogativa pode ser dirigir-se às mesas de voto no próximo domingo. Segundo, porque um número ainda não identificado foi efectivamente às urnas, mas não conseguiu votar. Um dos problemas foi a dimensão das ranhuras de algumas urnas, que estavam preparadas para boletins de voto depositados dentro de um envelope e não dentro de dois, como se torna necessário neste sistema.