Alexis Tsipras: a kolotumba do enfant terrible para ser um político-modelo

A queda de Tsipras é dada como certa nas legislativas de Outubro, mas ele comporta-se como se não fosse nada.

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Alexis Tsipras Reuters

Foi nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, em 2014, que Alexis Tsipras, o líder do então partido de esquerda radical Syriza, conseguiu ficar pela primeira vez no lugar cimeiro numa votação nacional na Grécia. E deverá ser nas eleições para o Parlamento Europeu de 26 de Maio que começa uma queda que se prevê que leve ao fim do seu mandato como primeiro-ministro, em legislativas que têm de ser realizadas até Outubro.

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Foi nas últimas eleições para o Parlamento Europeu, em 2014, que Alexis Tsipras, o líder do então partido de esquerda radical Syriza, conseguiu ficar pela primeira vez no lugar cimeiro numa votação nacional na Grécia. E deverá ser nas eleições para o Parlamento Europeu de 26 de Maio que começa uma queda que se prevê que leve ao fim do seu mandato como primeiro-ministro, em legislativas que têm de ser realizadas até Outubro.

O tanto que mudou em cinco anos: o enfant terrible da política europeia, que levou a Grécia a desafiar a União Europeia e os termos da austeridade, o líder que ameaçava representar os interesses da Rússia numa União Europeia que tentava conter a influência de Moscovo, é agora o político que desfez o maior nó górdio da diplomacia grega com implicações significativas para a UE, chegando a um acordo com a Macedónia do Norte que ninguém considerava possível.

Na Grécia, há um termo para as reviravoltas de 180 graus em que um político faz exactamente o contrário do que prometeu: kolotumba. É muito comum na política grega, e Tsipras não foi excepção: apesar de um referendo contra as medidas da troika, aplicou toda a austeridade que ele próprio e os eleitores renegaram (e ainda mais alguma); disse que acabaria com o compadrio na política e corrupção, e apenas substituiu os beneficiários.

A sua recente popularidade na União Europeia, onde não só não criou problemas por causa da Rússia (papel que parece ocupado pela Áustria) mas também abriu possibilidades há muito desejadas com o acordo com a Macedónia do Norte (tanto para a UE como para a NATO) não é, de modo algum, correspondente à popularidade interna, onde o acordo com o Governo de Skopje foi objecto de muita oposição (até dois terços dos gregos discordam dele).

Na Grécia, o resultado das eleições europeias servirá, tal como há cinco anos, para prever o que pode acontecer nas próximas legislativas.

A queda de Tsipras é dada como certa, mas ele comporta-se como se não fosse nada, notava a The Economist. “Para um homem prestes a enfrentar a sua iminente extinção eleitoral”, Tsipras “parece tão indiferente como Sócrates quando se preparava para beber a cicuta” que o matou.