Josu Ternera, líder histórico da ETA em fuga há 17 anos, foi detido
A organização separatista basca é responsável por mais de 800 mortos em França e Espanha.
O dirigente histórico do grupo separatista basco ETA José Antonio Urrutikoetxea Bengoechea, conhecido como Josu Ternera, foi detido nesta quinta-feira em Sallanches, nos Alpes franceses. Estava em fuga há 17 anos e foi preso quando entrava para o centro médico onde recebia tratamento para uma “doença de que sofre há anos”, segundo o jornal El País.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O dirigente histórico do grupo separatista basco ETA José Antonio Urrutikoetxea Bengoechea, conhecido como Josu Ternera, foi detido nesta quinta-feira em Sallanches, nos Alpes franceses. Estava em fuga há 17 anos e foi preso quando entrava para o centro médico onde recebia tratamento para uma “doença de que sofre há anos”, segundo o jornal El País.
Ternera foi um dos últimos chefes da organização terrorista que, em Maio de 2018, anunciou a sua dissolução e o desarmamento total. O anúncio foi feito, através de vídeo, por três pessoas de cara coberta e, segundo o jornal espanhol, uma das vozes é a de Ternera.
Fundada em 1959, durante a ditadura franquista, a ETA realizou atentados em Espanha e em França, em nome da independência do País Basco espanhol e francês, assim como da região espanhola de Navarra. Mais de 800 pessoas morreram nesta violência separatista.
A detenção aconteceu às 7h (menos uma em Portugal continental) numa operação conjunta da Guarda Civil espanhola e da Direcção-Geral de Segurança Interna francesa. À operação chamaram Infância Roubada, uma alusão ao atentado de Dezembro de 1987 na casa-quartel de Saragoça, onde moravam 40 famílias de guardas civis, quando morreram 11 pessoas, seis delas crianças entre os três e os 12 anos. Meses antes, em Junho, o grupo realizara o seu maior atentado, num centro comercial em Barcelona – 21 mortos, 45 feridos.
Josu Ternera só foi intimado pelo Supremo Tribunal em 2002 para prestar declarações por este atentado. E foi acusado do crime, com a Procuradoria espanhola a considerar que, nessa altura, a organização era “totalmente controlada” por ele. Ternera, que era deputado no parlamento do País Basco, entrou então na clandestinidade.
Vai cumprir a pena de oito anos de prisão em França pelo crime de pertença a uma organização terrorista a que foi condenado em 2017. O El País diz que não há neste momento uma ordem para ser entregue às autoridades espanholas, mas que a Justiça vai estudar as causas pendentes, que incluem crimes contra a humanidade.
Com 68 anos, 50 deles como militante, Ternera teve várias funções na ETA. A partir do atentado de Saragoça, diz o jornal El Mundo, foi subindo nas estruturas políticas da organização. A sua passagem à clandestinidade levou à perda de influência a partir de 2006, quando começaram as conversações entre a organização e o Governo socialista de José Luis Zapatero (e do seu ministro do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba, que morreu na semana passada e cujo papel foi considerado fundamental para o anúncio do fim da luta armada, em 2011).
Apesar disso, diz o El País, a organização deu-lhe protagonismo no anúncio de 2011 e no vídeo da dissolução, em 2018, onde é a sua voz que dá por terminado o “ciclo histórico e a função” da ETA.