Quase 43% dos alunos de Lisboa vai de carro para as aulas
Inquérito da câmara municipal abrangeu 16% dos estudantes da cidade, que responderam com a mão no ar. Autarquia quer incentivar crianças e adolescentes a usarem mais os transportes públicos.
Quase 43% dos alunos das escolas de Lisboa vai de carro para as aulas, revela um inquérito promovido pela câmara municipal junto dos estudantes. A mesma sondagem mostra que 30,1% dos alunos vai a pé, enquanto 23,9% utiliza os transportes públicos. A autarquia quer inverter estas percentagens para diminuir a presença automóvel na cidade.
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Quase 43% dos alunos das escolas de Lisboa vai de carro para as aulas, revela um inquérito promovido pela câmara municipal junto dos estudantes. A mesma sondagem mostra que 30,1% dos alunos vai a pé, enquanto 23,9% utiliza os transportes públicos. A autarquia quer inverter estas percentagens para diminuir a presença automóvel na cidade.
“As crianças são hoje uma das principais razões pelas quais os pais andam de carro em Lisboa”, disse esta quinta-feira Miguel Gaspar, vereador da Mobilidade, durante a apresentação dos resultados do inquérito. “As 100 mil crianças das escolas da cidade têm 100 mil mães, 100 mil pais e aí uns 40 mil avós.” Se muitos decidirem levar de carro os filhos e netos à escola “condicionam a mobilidade na cidade”, acrescentou.
O município, por serviços próprios ou através da EMEL, tem em marcha vários projectos para incentivar os alunos a andar de transportes públicos e de bicicleta. O mais recente, Lisboa sem rodinhas!, tem o objectivo de ensinar todas as crianças do primeiro ciclo a andar de bicicleta. Brevemente avançará o plano Caminho Seguro, que visa melhorar as condições de acessibilidade pedonal às escolas.
Com o nome Mãos ao ar!, a consulta foi feita durante uma semana em Outubro do ano passado. Os directores de turma perguntavam oralmente aos seus alunos como é que habitualmente se deslocavam para a escola e estes respondiam levantando a mão quando o professor lia a hipótese que lhes assentava melhor. Trata-se do mesmo método usado pelo inquérito Hands Up Scotland, que se realiza desde 2008, e que serviu de inspiração a Lisboa.
De um universo de quase 100 mil alunos que estudam na cidade (do 1º ao 12º ano em escolas públicas e privadas) pouco mais de 15 mil responderam, porque só 85 escolas devolveram o questionário preenchido. Foram enviados inquéritos a 228 estabelecimentos de ensino, públicos e privados.
A sondagem mostra que a utilização do carro para chegar às aulas é mais significativa no 1º ciclo, mas o ensino secundário tem também alguma preponderância. No ensino público, 46% das crianças da primária vai de automóvel para a escola, percentagem que vai diminuindo progressivamente até ao secundário, altura em que 20,3% dos alunos optam por este meio de deslocação.
Os alunos que mais vão a pé para a escola são os do 3º ciclo do ensino público (41,7%), enquanto os que mais se deslocam de autocarro são os das escolas secundárias públicas (28,7%). Há também entre os estudantes do secundário uma preferência pelo metro (14,6%) que não se verifica noutros ciclos de escolaridade. No ensino público, as deslocações de eléctrico, comboio e mota são pouco significativas em todas as fases do percurso escolar.
O inquérito mostra ainda grande disparidade entre alunos das escolas públicas e privadas. Nestas últimas, 72,1% dos estudantes vai de carro para as aulas: a percentagem mais elevada verifica-se no 2º ciclo (80,6%) e a mais baixa no secundário (62,9%). Já a utilização de autocarro varia entre 1,5% (2º ciclo) e 4,7% (secundário), enquanto uma média de 15,5% dos alunos se desloca a pé.
Há igualmente algumas diferenças geográficas. O relatório salienta, por exemplo, que no centro histórico da cidade “quase 70% dos alunos chega de modos sustentáveis, na zona ocidental quase 60% utiliza o automóvel”. Dentro daquilo a que chama modos sustentáveis a câmara incluiu deslocações a pé, de bicicleta, trotinete, skate ou patins.