São Francisco aprova lei que restringe tecnologias de reconhecimento facial
Instituições públicas abrangidas pelas autoridades locais vão deixar de utilizar este tipo de sistemas.
São Francisco, uma das cidades mais “amigas da tecnologia”, tornou-se esta terça-feira a primeira nos Estados Unidos da América a abolir o reconhecimento facial nas suas infra-estruturas, nomeadamente na polícia e em edifícios municipais.
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São Francisco, uma das cidades mais “amigas da tecnologia”, tornou-se esta terça-feira a primeira nos Estados Unidos da América a abolir o reconhecimento facial nas suas infra-estruturas, nomeadamente na polícia e em edifícios municipais.
A autarquia também decidiu que deverá ser a administração local a aprovar a instalação desta tecnologia em todo o tipo de edifícios. Todavia, este pacote de medidas, a entrar em vigor nos próximos seis meses, não irá afectar os protocolos de segurança do aeroporto e o porto marítimo da cidade (que utilizam também câmaras de vigilância), visto que são coordenadas por agências federais dos EUA.
Os autarcas de São Francisco justificaram a decisão com o argumento de que a tecnologia não é fidedigna e representa um perigo à liberdade e privacidade das pessoas. Do outro lado, a oposição argumenta que decisões como esta vão comprometer a segurança e a luta contra o crime.
O porta-voz da União Americana pelas Liberdades Civis no norte da Califórnia, em declarações citadas pela BBC, reiterou que "a tecnologia facial é incompatível com uma democracia saudável” e que outras cidades norte-americanas devem seguir este “exemplo”.
Já o vice-presidente da Organização Anti-crime de São Francisco, Joel Engardio, reconheceu que existem problemas com a tecnologia, mas defendeu que a porta do desenvolvimento tecnológico deve “ficar aberta” para ser uma ferramenta útil à população no futuro.
Segundo a agência Bloomberg, as primeiras movimentações para que esta lei tecnológica fosse revista surgiram em 2014, depois de a polícia ter detido uma cidadã por engano. Um erro informático fez com que a placa de matrícula do automóvel onde seguia a mulher indicasse que o veículo tinha sido roubado.
Após seis agentes da polícia terem interceptado o carro e lhe terem todos apontado uma arma, Denise Green foi indemnizada em 500 mil dólares (perto de 450 mil euros). Este caso levou as associações de polícia questionar a capacidade de outros produtos ligados a tecnologias de vigilância. Entre 2013 e 2017, o departamento de polícia de São Francisco estava a testar essa tecnologia de reconhecimento facial. A nível nacional, a utilização desta tecnologia pelas autoridades norte-americanas centra-se sobretudo na entrada de concertos, lojas e escolas, descreve a CNN.
“A preocupação central é a segurança das pessoas enquanto também temos a certeza de que a polícia consegue desempenhar a sua função”, explicou à Bloomberg um dos advogados da União Americana pelas Liberdades Civis, que colaborou com a autarquia de São Francisco para realizar o documento final do projecto-lei. Matt Cagle afirmou ao jornal The New York Times que a nova lei “procura impedir o desencadeamento” dessa tecnologia considerada “perigosa para o público.”
A justiça federal norte-americana, no último documento que aborda o assunto (datado de Dezembro de 2017), afirma que este tipo de tecnologia não é totalmente eficaz, mas que a “abordagem correcta é implementar mais salvaguardas no uso da tecnologia em vez de proibições”.
A postura contrasta com a da China, um dos principais pioneiros e utilizadores de reconhecimento facial, cujas forças de autoridade já estão a recorrer a estas tecnologias. Naquele país, o reconhecimento facial também é usado para permitir aos utilizadores fazerem pagamentos em restaurantes e hotéis.