A vida deles já deu livros (e uma vai dar um filme)
Alice Vieira, Mário Zambujal, Jaime Bulhosa, António Manuel Ribeiro e Afonso Cruz põem a sua vida nos livros. E alteram a nossa. Falaram disso nesta terça-feira, na Lourinhã, em mais uma edição do Livros a Oeste
A escritora Alice Vieira não se cansa de repetir: “Eu invento muito pouco.” Tem sempre apontamentos biográficos nas suas histórias e também relata episódios da vida de pessoas que conhece. No entanto, reconhece que há dois livros assumidamente autobiográficos: o primeiro que escreveu, Rosa, Minha Irmã Rosa (Caminho), e um muito mais recente, O Livro da Avó Alice (Lua de Papel).
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A escritora Alice Vieira não se cansa de repetir: “Eu invento muito pouco.” Tem sempre apontamentos biográficos nas suas histórias e também relata episódios da vida de pessoas que conhece. No entanto, reconhece que há dois livros assumidamente autobiográficos: o primeiro que escreveu, Rosa, Minha Irmã Rosa (Caminho), e um muito mais recente, O Livro da Avó Alice (Lua de Papel).
A também jornalista disse-o de novo por estes dias à Rádio Clube da Lourinhã (RCL), a antecipar a sessão da noite do primeiro dia de um encontro literário que já vai na 8.ª edição. Palavras Que nos Unem é o tema deste ano do Livros a Oeste, que anima a vila até sábado, 18 de Maio.
Para o organizador desta festa anual, João Morales, que nunca prescinde de incluir o maior número possível de escolas, professores e formadores do concelho, as palavras que nos unem são “as que nos ajudam a entender uns aos outros: as que nos seduzem para nos conhecermos melhor, as que deixam no ar a expectativa de que vamos descobrir coisas novas…” Algumas dessas coisas, segundo diz, “talvez nem se possam traduzir… em palavras”. Por isso, o encontro faz-se também de música, performances e exposições, com trabalhos de alunos e de ilustradores.
O dia de terça-feira começou com o Ribombar (gaitas e percussão) a passear-se pelas ruas, seguiu com a inauguração da exposição Poeira de Estrelas de Anabela Dias (na Galeria Municipal da Lourinhã), com literatura e música pela Academia Cultural Sénior, com Cantos da Palavra (poesia na rua, Praça José Máximo da Costa) e com a apresentação do livro O Poço e a Estrada, de Isabel Rio Novo.
Nove anos de perseguição
À noite, o Auditório do Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira recebia a contadora de histórias Clara Haddad, com Imaginas? Eu Conto! (21h30), e, mais tarde (22h15), Alice Vieira, Mário Zambujal, Jaime Bulhosa, António Manuel Ribeiro e Afonso Cruz, na sessão intitulada A Minha Vida já Deu Livros.
O vocalista dos UHF, António Manuel Ribeiro, falaria sobre o seu livro És Meu, Disse Ela (Guerra e Paz), em que retrata a sua “vivência de uma perseguição obsessiva”, naquele que foi o primeiro caso julgado e condenado de stalking em Portugal.
O músico falou com a RCL sobre a sua “ferida psicológica de vítima” e contou como o realizador Jorge Paixão da Costa o convidou para ser protagonista do filme que contará esta história de perseguição que durou nove anos.
A expectativa feliz de Alice Vieira para o encontro está ancorada nas suas experiências anteriores de comunicação no Livros a Oeste: “Não estamos ali propriamente só a fazer discursos. As pessoas participam, o que é óptimo.”
Para quarta-feira (15 de Maio), além das apresentações de livros na biblioteca e no auditório, haverá teatro de sombras e poesia à esquina (junto à feira do livro). Sérgio Godinho apresentará o seu livro Estocolmo (biblioteca, 18h30) e estará à conversa com Mário Augusto, Rui Zink e Ana Saragoça no auditório (22h).
Pelo meio, também no Auditório do Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira, às 21h30, Corações em Concerto trazem-nos Ouçamos — no caso, Sophia. Palavras que nos unem.