Este comendador quer trazer luso-venezuelanos para o Alentejo
O programa que começou o ano passado já trouxe para o concelho de Ferreira do Alentejo 40 luso-venezuelanos. Agora quer trazer mais 100 a tempo inteiro e 300 a tempo parcial.
Um dos problemas com que o comendador António Silvestre Ferreira se debate na Herdade do Vale da Rosa, a herdade da uva sem grainha que nesta terça-feira foi visitada pela comitiva de Pedro Marques (PS), é a de falta de mão-de-obra. Chega a precisar de mil trabalhadores e tem de os recrutar pelo mundo. Ex-emigrante no Brasil, teve a ideia de propor a luso-venezuelanos que se instalem no Baixo Alentejo, no concelho de Ferreira do Alentejo, distrito de Beja.
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Um dos problemas com que o comendador António Silvestre Ferreira se debate na Herdade do Vale da Rosa, a herdade da uva sem grainha que nesta terça-feira foi visitada pela comitiva de Pedro Marques (PS), é a de falta de mão-de-obra. Chega a precisar de mil trabalhadores e tem de os recrutar pelo mundo. Ex-emigrante no Brasil, teve a ideia de propor a luso-venezuelanos que se instalem no Baixo Alentejo, no concelho de Ferreira do Alentejo, distrito de Beja.
É com orgulho que fala da ideia que teve e diz que tem “condições para sonhar” no plano de expansão que tem para a empresa agrícola e na contratação de luso-venezuelanos a tempo permanente. “Sinto a dor dos nossos irmãos da Venezuela. Sinto muita proximidade. Há anos que tento trazer luso-venezuelanos”. Finalmente conseguiu.
No ano passado foi à Madeira convidar algumas das pessoas que para ali voltaram, com o agudizar da crise naquele país da América Latina. Chegaram a Vale da Rosa “mais de 40 pessoas”, mas apenas para a época das vindimas. O comendador gostou tanto da ideia que quer trazer mais.
“Resolvemos trazer cem pessoas para os nossos quadros como trabalhadores permanentes, e mais 300 na altura das colheitas”, conta ao PÚBLICO depois da visita do candidato socialista Pedro Marques à herdade.
Para trazer tantas pessoas para este pequeno concelho do Alentejo tem a ajuda do presidente da câmara, Luís Pita Ameixa, que procura alojamento para que as famílias se possam instalar e ter trabalho no resto do ano. Na prática, a ideia é criar uma “pool” de empresas da zona por onde os trabalhadores possam rodar, sem perderem o trabalho.
“É gente muito sofrida que está com as famílias separadas, para eles também não é fácil saírem deste novo conforto lá na ilha”, conta o comendador. Para a empresa agrícola de que é dono, é preferível ter trabalhadores certos, para não ter de formar novos a cada ano, como acontece agora com os trabalhadores que correm meio mundo, sobretudo da Ásia, para chegarem aqui na apanha da uva.
Para a autarquia também há vantagens, mas este projecto do empresário criou ao autarca socialista uma pressão de alojamento para as novas famílias que quer que se fixem aqui. “É o problema principal, talvez. As pessoas chegam e nós não estamos preparados. Esta questão do desenvolvimento agrícola que o Alqueva trouxe a estes concelhos, não foi preparado. Agora está a chegar aqui uma série de coisas novas, entre elas milhares de pessoas e ninguém está preparado, nem os municípios nem as empresas”, diz Pita Ameixa. Para resolver o problema a câmara já aprovou um projecto de reabilitação urbana, para conseguir pedir financiamento, no sentido de “disponibilizar mais casas para as pessoas”.
Este é um desafio social que Alqueva está a trazer à região, mas ao mesmo tempo uma solução. “Precisamos de gente”, diz o comendador.
Outra das questões que se coloca é a reacção da comunidade a este programa ambicioso. A população tem reagido “mais ou menos”, diz Pita Ameixa. “Não é fácil, há problema de integração social, cultural, mas venezuelanos é bom porque culturalmente são mais próximos de nós”. Para já, este projecto está apenas ao nível municipal, apesar de já ter havido conversas com o Governo. “Ainda não concretizámos nada”, diz o autarca.
Ouça o podcast P24 sobre o tema, aqui: