Cúpula do Partido Conservador diz a May para abandonar negociações sobre o “Brexit” com Corbyn

Membros do Governo e deputados querem também que a primeira-ministra britânica marque a data da sua saída de cena.

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Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido Reuters

Pesos pesados do Partido Conservador disseram a Theresa May para abandonar as conversações com vista a chegar a um acordo sobre o “Brexit” com o Partido Trabalhista, na oposição, e crescem as pressões para a primeira-ministra escolher uma data para sair do cargo.

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Pesos pesados do Partido Conservador disseram a Theresa May para abandonar as conversações com vista a chegar a um acordo sobre o “Brexit” com o Partido Trabalhista, na oposição, e crescem as pressões para a primeira-ministra escolher uma data para sair do cargo.

Quase três anos depois do referendo que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia, por 52% contra 48%, ainda não há acordo entre a classe política britânica sobre quando e como concretizar o divórcio.

O Reino Unido devia ter saído da UE a 29 de Março, mas May não conseguiu que o seu acordo fosse aprovado pelo Parlamento, por isso voltou-se para o Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn para conseguir um acordo que levasse à aprovação dos termos do divórcio.

Treze membros do executivo de May, assim como Graham Brady, presidente do grupo de deputados conservadores sem cargos no governo – o​ Comité 1922 –​, escreveram a May a pedir-lhe que não aceite a exigência do Labour de manter o Reino Unido numa união aduaneira com a UE depois do “Brexit”.

Se o fizer, diz a carta, “terá perdido o centro leal do Partido Conservador, dividido o partido e não obterá nada de concreto em troca”. “Pedimos-lhe que reconsidere”.

“Nenhum líder pode amarrar o seu sucessor, por isso o acordo será temporário, na melhor das hipóteses, e ilusório na pior”, diz a carta, assinada também por Gavin Williamson, que foi demitido de ministro da Defesa este Maio, e pelo antigo chefe da diplomacia Boris Johnson.

Theresa May tem repetido que não aceitará uma união aduaneira permanente. E Corbyn disse, na semana passada, que a primeira-ministra ainda não ofereceu nada de substancial nas conversações e que tem de abandonar as suas “linhas vermelhas”.

Numa reunião com o grupo parlamentar trabalhista na segunda-feira, Corbyn foi pressionado a clarificar a sua posição sobre o “Brexit”, com os que defendem um segundo referendo e os que defendem a saída a esgrimirem os seus argumentos.

May, que assegurou a liderança no caos que se seguiu ao referendo de 2016, prometeu afastar-se se os deputados aprovassem o acordo que negociou com Bruxelas para sair do bloco europeu.

Mas a primeira-ministra sofreu pesadas derrotas quando, por três vezes, levou o acordo a votação na Câmara dos Comuns. E alguns dos seus próximos querem que marque uma data para se afastar.

O banco de investimentos JPMorgan considerou nesta terça-feira que May não deve sobreviver ao fim de Junho. “Apesar das capacidades de sobrevivência da primeira-ministra May terem sido impressionantes até ao momento, a nossa percepção é que a areia que a sustenta na liderança dos conservadores está a fugir-lhe de debaixo dos pés”.

O negociador chefe de May para o “Brexit”, Olly Robbins, é esperado em Bruxelas para discutir mudanças na declaração política sobre a futura relação. A União Europeia disse que está disponível para alterar a declaração política mas quer saber quais são as mudanças que Londres quer propor.