José Manuel Fino diz que “não há meios financeiros” para pagar à Caixa

Garantias do crédito da Investifino incluem acções da Cimpor, BCP e Soares da Costa.

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LUSA/RODRIGO ANTUNES

O administrador da Investifino José Manuel Fino, que também é filho do empresário Manuel Fino, disse hoje no parlamento que a sua empresa não tem “meios financeiros” para pagar à Caixa Geral de Depósitos (CGD).

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O administrador da Investifino José Manuel Fino, que também é filho do empresário Manuel Fino, disse hoje no parlamento que a sua empresa não tem “meios financeiros” para pagar à Caixa Geral de Depósitos (CGD).

“Não há meios financeiros para a pagar”, disse José Manuel Fino sobre a dívida à CGD, durante a sua audição e do irmão na comissão parlamentar de inquérito à recapitalização e gestão do banco público.

José Manuel Fino adiantou que “a situação actual é de incumprimento porque a Investifino não tem mais património do que deu como garantia à Caixa”.

Este património eram, sobretudo, acções da Cimpor, entretanto vendidas, acções do BCP desvalorizadas, e ainda da construtora Soares da Costa, empresa em reestruturação.

Uma das soluções apresentadas por José Manuel Fino para pagamento das dívidas à Caixa era a “alienação da participação na Cimpor”, mas segundo o administrador “não era essa a vocação industrial do grupo”.

O filho de Manuel Fino disse ainda que estava a ser estruturada uma reestruturação e “uma abertura de capital de subsidiárias internacionais, que permitiria o pagamento de dividendos extraordinários aos accionistas sem pôr em causa o futuro da Cimpor”.

José Manuel Fino sugeriu ainda que a colocação em bolsa de 49% da subsidiária brasileira [da Cimpor] daria um encaixe próximo de mil milhões de euros.

“Aquilo que nos restou foi aquilo que manda o bom senso. É vender. Não iríamos ficar no mercado com uma posição de 10%, isolados”, disse o responsável em resposta ao deputado do PS Fernando Anastácio.

José Manuel Fino disse ainda não ter “entendimento para aquilo que se passou a 31 de Março de 2012 [OPA da Camargo Corrêa à Cimpor]”, mas que podia “tirar algumas ilações de coincidências que se passaram desde 2010 até hoje”.

“Quando a esfera de poder se transfere para fora de quem são os responsáveis pela criação de valor, é difícil”, disse sobre a passagem de poder para fora da Cimpor, acrescentando que “não havia uma leitura correcta sobre o valor” da cimenteira.

O filho de Manuel Fino disse ainda que o pai “investiu tudo o que era o seu património nesta última aventura empresarial”.

“Então o que é hoje o grupo Fino?”, perguntou o deputado do PS Fernando Anastácio. “Não existe”, respondeu José Manuel Fino.

Venda de acções da Cimpor pela CGD determinou incumprimento

O administrador executivo da Investifino José Manuel Fino, filho de Manuel Fino, disse hoje no parlamento que a venda das acções da Cimpor pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) levou ao incumprimento do serviço de dívida.

A forma “totalmente imprevista e inusitada” como a CGD “decidiu imediatamente vender" acções da Cimpor em consequência da OPA da Camargo Corrêa, “apesar do preço baixo oferecido”, não permitiu à Investifino cumprir os seus compromissos com o banco público, disse José Manuel Fino durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à CGD.

“Caso tivesse mantido essa possibilidade [de recompra das acções da Cimpor, negociada com a CGD], a Investifino teria reduzido a sua exposição à Caixa em pelo menos 50 milhões de euros”, defendeu José Manuel Fino no parlamento.

O administrador da Investifino contou a história das várias renegociações da dívida da empresa com a CGD, e revelou que até 2008 “a Investifino foi cumprindo as obrigações contratuais” com a CGD.

Posteriormente, a crise fez com que “a valorização dos títulos detidos pela Investifino, nomeadamente no BCP, se deteriorassem”, o que levou a que em 2009 a empresa tivesse acordado com a CGD “reduzir a sua exposição e manter a capacidade de no futuro fazer uma alienação”.

José Manuel Fino revelou que “a reestruturação foi concretizada” com uma “amortização da dívida” e venda de “64 milhões de ações da Cimpor” à Caixa, com uma “regularização dos juros vencidos até à data” e “opção de recompra durante três anos a um preço equivalente ao preço da aquisição”.

“Com esta reestruturação, a CGD viu a dívida da Investifino ser reduzida”, afirmou José Manuel Fino, e no âmbito dessa operação haveria a possibilidade “de recompra que lhe permitiria ter um bloco de acções na Cimpor e ter uma posição de charneira” na cimenteira.

José Manuel Fino disse ainda que “no início de 2012, não tendo a oportunidade a Investifino da recompra das acções da Cimpor desde 2009”, a empresa pediu à CGD uma extensão do acordo de reestruturação.

“Essa solicitação não foi aceite pela CGD”, tendo a opção de compra da Investifino sobre as acções da Cimpor expirado em Fevereiro de 2012.

José Manuel Fino considerou que “de forma totalmente imprevista e inusitada, a CGD decidiu imediatamente vender aquele bloco de acções da Cimpor, apesar do preço baixo oferecido”, retirando à Investifino a hipótese de recompra.

“Apesar de tudo, [essa venda] gerou uma mais-valia de 50 milhões de euros” à Caixa, valor semelhante ao que a Investifino "teria reduzido a sua exposição à Caixa”, caso tivesse mantido a possibilidade de recompra das acções da Cimpor.

José Manuel Fino está acompanhado pelo irmão, Francisco Manuel Fino, que é administrador não executivo da Investifino, por um advogado e um assessor financeiro.

O pai, Manuel Fino, entrou na sala de audiências a meio da sessão, sentando-se no lugar dos assessores.