Umas europeias a fingir que sim – e a culpa também é do Costa
Com as legislativas daqui a menos de cinco meses, o espírito “grande sondagem” está na rua. É mau, mas nunca foi de maneira diferente.
As eleições europeias mais importantes de sempre não vão acontecer em Portugal: a inexistência de extrema-direita, as perspectivas eleitorais altas das versões caseiras dos partidos que até agora governaram a União Europeia (PS, PSD e CDS) e o esquecimento nos discursos oficiais destes partidos dos anacronismos da União permitem que a campanha vá correndo como todas as suas congéneres anteriores. Com as legislativas daqui a menos de cinco meses, o espírito “grande sondagem” está na rua. É mau, mas nunca foi de maneira diferente.
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As eleições europeias mais importantes de sempre não vão acontecer em Portugal: a inexistência de extrema-direita, as perspectivas eleitorais altas das versões caseiras dos partidos que até agora governaram a União Europeia (PS, PSD e CDS) e o esquecimento nos discursos oficiais destes partidos dos anacronismos da União permitem que a campanha vá correndo como todas as suas congéneres anteriores. Com as legislativas daqui a menos de cinco meses, o espírito “grande sondagem” está na rua. É mau, mas nunca foi de maneira diferente.
António Costa – Foi o grande responsável por ter transformado as eleições numa moção de confiança ao Governo. Ao transformá-las num referendo à sua governação, desvaloriza-as. O discurso centrista já tinha sido tentado, mas com a crise dos professores agora está aí a todo o vapor. A mensagem enviada a “mon ami Macron” é mais um símbolo do PS rigorosamente ao centro, uma estratégia que esteve ausente na conquista do poder a António José Seguro. Se Costa afastou o espectro de um resultado “poucochinho” saberemos a 26.
Rui Rio – Com o desafio de Montenegro vencido, ganhou tempo e alguma paz. As sondagens começavam a ser cada vez mais simpáticas. Cometeu um erro, para o seu eleitorado, mas recusa-se a reconhecê-lo. É visível alguma desorientação: quando Paulo Rangel vai buscar o slogan que utilizou durante o Governo de José Sócrates – o da claustrofobia democrática – para descrever o momento presente é porque há algum desespero no ar.
Jerónimo de Sousa – Há cinco anos, conquistou três deputados. Se o PCP for penalizado como aconteceu nas autárquicas vai perder pelo menos um. À defesa, o discurso oficial do PCP é elogiar até à saciedade o seu papel como apoiante do Governo e as conquistas que o acordo permitiu.
Catarina Martins – Será difícil que as eleições corram pior do que há cinco anos, quando o Bloco de Esquerda ainda estava a recuperar da crise interna do partido e só elegeu a cabeça de lista, Marisa Matias. Hoje, Marisa é talvez a dirigente mais popular do BE, que meteu no bolso os seus discursos mais críticos sobre a União.
Assunção Cristas – Foi a própria a reconhecer, em entrevista à Rádio Renascença, que a semana “dos professores” não lhe correu bem. Não podia. Resta saber se o efeito professores não vai ter um efeito grande na votação do CDS que, depois dos resultados das autárquicas em Lisboa, viveu uma vertigem de autocongratulação maior que as possibilidades reais do partido. As europeias podem ser um “reality check” para Assunção.