Apesar de múltiplos incidentes, FAP faz “balanço positivo” de segurança na Queima das Fitas

A divulgação online de vídeos de teor sexual alegadamente feitos em barracas motivou protestos no Queimódromo, contra a cultura de violação e machismo. Academia do Porto salienta um conjunto de melhorias ao nível da segurança, como as torres de vigia e o projecto anti-sexista Ponto Lilás.

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Cortejo da Queima das Fitas no Porto ESTELA SILVA/LUSA

A Federação Académica do Porto (FAP) faz um “balanço positivo” da edição deste ano da Queima das Fitas, que terminou este domingo de madrugada, considerando que as medidas tomadas para reforçar a segurança no recinto “resultaram para todos”.

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A Federação Académica do Porto (FAP) faz um “balanço positivo” da edição deste ano da Queima das Fitas, que terminou este domingo de madrugada, considerando que as medidas tomadas para reforçar a segurança no recinto “resultaram para todos”.

“Houve um compromisso de todos os parceiros e entidades em fazer da Queima das Fitas do Porto um espaço confortável e, apesar de todo o alarido à volta dela, esta foi mais uma edição de sucesso, de partilha, de sorrisos e de sentimento de academia e penso que as pessoas levam uma boa imagem para casa”, afirmou o presidente da FAP, João Pedro Videira, em declarações à agência Lusa.

Recorde-se que a divulgação online de vídeos de teor sexual alegadamente feitos em barracas da Queima das Fitas motivou protestos, na sexta-feira e no sábado, no Queimódromo, contra a cultura de violação e machismo.

Segundo salientou o presidente da FAP, o conjunto de melhorias ao nível da segurança implementadas este ano no recinto da Queima teve “bons resultados”, com as torres de vigia colocadas a “reduzirem os ‘blind spots' [pontos cegos] que existiam” e a permitirem “uma maior e melhor detecção dos focos de problemas”, além de terem “um efeito dissuasor”.

“Houve uma redução de 90% do número de saídas para o hospital por parte do dispositivo de apoio clínico”, destacou, precisando que a média foi de “três saídas por noite”, sendo que “numa das noites não houve mesmo nenhuma saída”. Ao mesmo tempo, acrescentou, “o número de ocorrências e de pedidos de apoio clínico também reduziu bastante face aos anos anteriores”.

Entre as “muitas novidades” da edição deste ano, João Pedro Videira destacou a “dimensão política” conferida à Queima das Fitas, com a presença no recinto, todas as noites, de candidatos às eleições europeias do próximo dia 26, para falarem com os estudantes “sobre a Europa”. De acordo com o responsável da FAP, esta iniciativa registou “uma boa adesão, com cerca de 50 a 60 pessoas” a marcarem presença em cada uma das sessões.

Outra das vertentes destacadas é a da sustentabilidade, com “um reforço do ‘compromisso verde'” ao nível dos resíduos produzidos, assim como a aposta feita no “aumento do conforto no que diz respeito às casas de banho” e a implementação de uma praça da restauração “com 300 lugares sentados, o que permitiu às pessoas ter uma melhor experiência no recinto”.

Ainda referida por João Videira foi a acção conjunta com os responsáveis do projecto anti-sexista Ponto Lilás, uma “iniciativa pioneira em Portugal” no âmbito da qual mais de 200 estudantes voluntários estiveram a fiscalizar o recinto da Queima para combater, com “tolerância zero”, qualquer violência sexual, de género e física.

Segundo salientou, tratou-se de um “reforço do compromisso com a responsabilidade social”, no sentido de “prevenir e reagir a situações de abuso sexual, discurso do ódio, violência de género ou sexismo”, já que a FAP tem “consciência de que em espaços de diversão nocturna podem existir situações menos agradáveis, em que as pessoas possam ficar mais desprotegidas”.

Neste contexto, o presidente da federação recordou que foram entregues para distribuição nas barraquinhas do Queimódromo mensagens como “Valoriza-te, não te diminuas”, “No mundo virtual a violência também é real”, “Querer respeito é dar respeito” e “A tua dignidade não tem preço”, tendo ainda as torres de vigia sido decoradas com lonas contendo estes mesmos slogans.

Adicionalmente, acrescentou, foi introduzido no regulamento das barraquinhas “um ponto recomendando a não utilização de conteúdos sexistas ou sexuais e, quando pisado o risco, reagiu-se em conformidade, o que resultou para todos”.