Judeu errante em território instável

Sinónimos: a terceira longa-metragem do israelita Nadav Lapid, Urso de Ouro em Berlim 2019, filme de encerramento do IndieLisboa neste fim-de-semana, desperta paixões e ódios. Não é um filme político, segundo diz o realizador ao Ípsilon: é um filme imprevisível sobre o caos do mundo, história de um judeu errante que sobrevive contando histórias.

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“Não sou capaz de ser assim muito objectivo, e nunca achei que estivesse a fazer uma coisa muito radical... mas consigo perceber, racionalmente, que o filme possa parecer insuportável.” Nadav Lapid sorri enquanto fala da reacção polarizada, extrema, à sua terceira longa-metragem, Sinónimos. Apesar de ocupado com os deveres a que a sua estreia na competição do festival de Berlim o obriga, o realizador israelita confessa que leu algumas das primeiras, e mais devastadoras, críticas feitas a um filme que, desde a primeira exibição à imprensa, dividiu as águas do certame alemão (e da crítica internacional) como poucos. “Gosto que não seja [um filme] previsível”, explica Lapid, em frente de um café, ao Ípsilon e a um jornalista italiano. “Gosto da ideia de pessoas que nada têm que ver com os meus valores e com as minhas ideias encontrarem coisas maravilhosas no filme, e de pessoas que apreciam o meu cinema ficarem completamente indiferentes ou mesmo hostis.”