Esta construção europeia e as nações
A crise que atravessa a UE de onde sobressaem tendências xenófobas, fascistas, nacionalistas, austeritárias, resulta também do rumo que leva a sua edificação.
A Europa enquanto continente político-geográfico é o resultado da afirmação das nações. Foram elas que fizeram da Europa o continente mais avançado em termos de conquistas políticas, sociais, culturais e ambientais.
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A Europa enquanto continente político-geográfico é o resultado da afirmação das nações. Foram elas que fizeram da Europa o continente mais avançado em termos de conquistas políticas, sociais, culturais e ambientais.
Também é verdade que foram algumas delas que arrasaram o continente a ferro e fogo em guerras que explodiram no século passado e assumiram dimensões mundiais. Foi essa horrenda devastação que gerou a ideia de uma Europa de nações a viver em paz e em cooperação.
Neste nosso tempo as nações não passaram à História, estão aí, nalguns casos exacerbadas por líderes que delas se servem para combater rumos que os seus povos rejeitam. Os mais “europeístas” como Merkel ou Macron pensam em primeiro lugar na Alemanha e França respetivamente e vêem o continente à luz dos seus interesses.
A Europa continua a assentar nas nações e só a sua união voluntária de baixo para cima e não imposta de cima para baixo pode permitir a cooperação à escala continental onde está a UE e onde estão outras nações.
A crise que atravessa a UE de onde sobressaem tendências xenófobas, fascistas, nacionalistas, austeritárias, resulta também do rumo que leva a sua edificação. Ninguém se pode sentir bem numa organização que impede de alimentar as suas aspirações por chocarem com regras impostas por elites desligadas dos povos.
No passado a construção de grandes impérios tolheu o desenvolvimento da ideia da Europa e levou sempre a confrontos militares. O império era mais que o continente.
Em 2019 será mais difícil impor políticas com base nos tanques ou aviões ou ainda nos navios de guerra. Hoje, os meios são muito mais sofisticados e os países mais fortes atraem por via das elites os mais fracos para um espaço continental onde aqueles dominam através de mecanismos económicos e financeiros.
As regras resultantes do Pacto de Estabilidade configura um certo tipo de poder imperial, na medida em que condiciona de modo decisivo uma parte muito importante da soberania nacional de muitos dos Estados que outros conservam a todo o custo. Outrora os Filipes, os Habsburg, os czares, os sultões, Bonnaparte, Bismark, ou a Rainha Vitória, impunham por outros meios essa limitação.
Fazer parte de uma organização de nações em que as mais ricas continuarão mais ricas e as mais pobres não terão possibilidade de se desenvolverem porque as regras existentes as impedem de gerir os seus recursos de acordo com os seus interesses trará grandes e graves problemas. Atente-se nos que está a enfrentar o Reino Unido com o seu divórcio que poderá acabar no ponto em que começou.
É um mal-estar que alimenta toda a espécie de extremismos. As eleições para o Parlamento Europeu não entusiasmam ninguém. Até o PS sentiu que ninguém ia à bola com a sua política centenista/europeísta e Costa arranjou uma crise que não queria, mas queria….
Porém, o cabeça de lista do PS continua um ilustre desconhecido, o do PSD é aquele que continua como sócio de uma sociedade de advogados e o Nuno Melo acha que o Vox não é de extrema-direita… É esta União Europeia criada por estas elites que desmotiva os povos. Uma União em que mandam os mais poderosos não é uma união. É uma organização que tem um diretório para submeter os outros. É precisa outra União onde os povos e nações sejam realmente pares e parceiros.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico