Militar da GNR suspeito de espancamento de imigrantes é dirigente sindical
ASPIG não se pronuncia sobre membro da sua direcção ter sido detido juntamente com três colegas por sequestro e ofensas corporais graves.
Um dos elementos da GNR supeitos de terem espancado dois trabalhadores agrícolas de origem asiática na zona de Odemira pertence à direcção da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG).
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Um dos elementos da GNR supeitos de terem espancado dois trabalhadores agrícolas de origem asiática na zona de Odemira pertence à direcção da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG).
Tudo se terá passado em Outubro passado, durante um jantar num restaurante de Odemira em que estavam os trabalhadores, o respectivo patrão e no qual também estaria presente um guarda amigo deste último. O ambiente terá azedado após reclamações dos imigrantes relacionadas com atrasos no pagamento dos salários e com a extensão dos horários de trabalho. Na sequência deste episódio, o GNR presente no jantar chamou três colegas para o ajudarem a tomar conta da situação.
Mas o episódio terá descambado no espancamento de um dos imigrantes, que são originários do subcontinente indiano e não falam português. Um deles teve mesmo de receber tratamento hospitalar. Os militares são ainda suspeitos de terem invadido nessa mesma noite o local onde habitavam outros trabalhadores agrícolas, agredindo-os e mantendo-os temporariamente ali sequestrados. Foram esta quarta-feira detidos pela Polícia Judiciária de Setúbal, que se encontra a investigar o caso, estando indiciados pelos crimes de ofensa à integridade física qualificada, sequestro agravado e violação de domicílio por funcionário. À data dos factos prestavam serviço nos postos da GNR de Odemira e de Vila Nova de Milfontes, no distrito de Beja. Esta quinta-feira serão presentes a um juiz para serem interrogados, depois de terem passado a noite numa cela da GNR.
Entre os quatro arguidos está André Ribeiro, que entrou para a GNR há dez anos e está na direcção da ASPIG desde Maio de 2018. Contactado pelo PÚBLICO, o vice-presidente desta associação, Adolfo Clérigo, foi parco em declarações. Garantindo conhecer o caso apenas pelas notícias dos órgãos de comunicação social, o dirigente associativo afirma-se preocupado com as suspeitas que impendem sobre os quatro guardas. Questionado sobre o facto de um destes homens pertencer à direcção da ASPIG, Adolfo Clérigo responde que não tem nada a dizer sobre esse assunto.
A Polícia Judiciária foi coadjuvada neste inquérito pela própria GNR.