Pescadores “revoltados” com 10.799 toneladas de sardinhas para este ano
Portugal e Espanha propuseram para este ano um mínimo de 10.799 toneladas, a repartir pelos dois países, depois de Bruxelas ter sugerido um limite de 10.300 toneladas.
Os pescadores portugueses e espanhóis mostraram-se hoje indignados com a proposta de capturas de 10.799 toneladas de sardinha este ano, já confirmadas pelo Governo, pedindo em Bruxelas a reavaliação da quota com base nos recentes cruzeiros científicos.
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Os pescadores portugueses e espanhóis mostraram-se hoje indignados com a proposta de capturas de 10.799 toneladas de sardinha este ano, já confirmadas pelo Governo, pedindo em Bruxelas a reavaliação da quota com base nos recentes cruzeiros científicos.
Fonte oficial do Ministério do Mar confirmou à agência Lusa que Portugal e Espanha propuseram para este ano um mínimo de 10.799 toneladas, a repartir pelos dois países, depois de a Comissão Europeia ter sugerido um limite de 10.300 toneladas.
Os armadores portugueses e espanhóis estão “indignados e revoltados” porque “as 10.799 toneladas para este ano são manifestamente insuficientes” e “não vão garantir as condições mínimas para a sobrevivência, ajudando desta forma ao declínio e eventual desaparecimento do setor da pesca de cerco em ambos os países”, afirmou à agência Lusa Humberto Jorge, presidente da Associação das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOP). O dirigente integrou a representação ibérica do sector da sardinha, que foi hoje recebida em Bruxelas pelo director geral dos Assuntos Marítimos e das Pescas da União Europeia (UE).
Portugal e Espanha vão retomar a 3 de Junho esta pescaria, suspensa desde meados de Setembro, adiantou a tutela.
As organizações da pesca da sardinha pediram em Bruxelas que as “negociações sejam reabertas em Julho e que sejam reanalisadas as possibilidades de pesca, com base nos dados dos novos cruzeiros científicos”, sendo que em Portugal o cruzeiro científico promovido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) termina no dia 15 deste mês.
Fonte oficial do Ministério do Mar admitiu que a quota é “passível de aumento após a análise dos resultados dos cruzeiros científicos de Maio, os quais deverão ser conhecidos até final de Junho”. Apesar de Portugal e Espanha reconhecerem a hipótese de reanalisar a quota, as organizações da pesca da sardinha dos dois países recusaram que sejam definidas “as mais reduzidas [capturas] de sempre na história da pesca da sardinha nestes países”, quando os cruzeiros científicos realizados em ambos apontam para “resultados muito positivos” em 2018 e 2019.
Desde Abril que pedem que seja fixada uma quota de 15.425 toneladas, correspondentes aos 10% da estimativa de ‘stock’ existente, fixada em 154.254 toneladas no último parecer do ICES para 2019. Esta posição foi assumida tendo em conta “os bons resultados científicos obtidos em 2018 pelos cruzeiros de investigação científica”, ao apontarem para um aumento de 70% da biomassa da sardinha com mais de um ano, entre 2017 e 2018. Se assim fosse, o total de capturas ficaria acima do de 2018 (cerca de 12.000 toneladas), reduzidas ao longo do ano para 9.000 toneladas, mas ainda assim baixo das possibilidades de pesca definidas para 2017.
Em 2008, o sector capturou 101.464 toneladas de sardinha.
Os armadores demonstraram existirem diferenças nos resultados científicos de diferentes entidades e sensibilizaram o director geral dos Assuntos Marítimos e das Pescas da UE, que supervisiona as negociações entre Portugal e Espanha, para, em próximas mesas negociais, se ter em conta não apenas o parecer científico do ICES, mas também os mais recentes resultados científicos dos cruzeiros científicos.