BE exige esclarecimentos sobre acordo com a Web Summit
Partido diz que o Parque das Nações tem carência de equipamentos e que os terrenos para a expansão da FIL podiam ser mais bem usados.
O BE na Câmara de Lisboa exigiu esta segunda-feira esclarecimentos ao executivo liderado pelo PS relativamente ao acordo “obscuro” para manter a cimeira tecnológica Web Summit na capital até 2028, manifestando as suas reservas.
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O BE na Câmara de Lisboa exigiu esta segunda-feira esclarecimentos ao executivo liderado pelo PS relativamente ao acordo “obscuro” para manter a cimeira tecnológica Web Summit na capital até 2028, manifestando as suas reservas.
Segundo o acordo, confidencial, celebrado entre o Estado, a autarquia e a Connected Intelligence Limited (empresa que organiza a Web Summit), a Câmara de Lisboa poderá ter de pagar uma indemnização à organizadora da cimeira caso a Feira Internacional de Lisboa (FIL) não tenha, em Outubro, mais 13 mil metros do que tem actualmente, avançou o PÚBLICO no domingo.
Em comunicado, o gabinete do vereador do BE Manuel Grilo (que tem um acordo de governação do concelho com o PS), considera que “a expansão da FIL prevê a ocupação de terrenos municipais que poderiam servir para a construção de equipamentos públicos, nomeadamente uma creche, tão necessária” na freguesia do Parque das Nações.
“O Parque das Nações é uma zona que carece de serviços públicos e estes terrenos, em localização nobre da freguesia, serão oferecidos à Fundação AIP [Associação Industrial Portuguesa]”, entidade privada que gere a FIL, critica o Bloco na mesma nota.
O BE destaca também que se prevê que a expansão da FIL “implique um investimento na ordem das dezenas de milhões de euros num equipamento que é de gestão privada”, acrescentando que “este negócio levanta ainda mais questões quando é público que a Fundação AIP tem um enorme passivo, que poderia ser resolvido com a ajuda de fundos públicos”.
Apesar de defender que “Lisboa deverá acolher iniciativas internacionais com interesse para a cidade e para o país”, o Bloco realça que “um equipamento de gestão privada com 110 mil metros quadrados, que serve para acolher este evento, sem uma avaliação da sua utilidade futura, poderá não servir a cidade”.
O partido exige, assim, esclarecimentos do presidente da câmara, Fernando Medina (PS), “relativamente a este negócio pouco transparente que amarra a CML [Câmara Municipal de Lisboa] por muitos mandatos autárquicos”.
“As nossas reservas são muitas e são pela defesa do bem comum, do erário público e da transparência”, reforça o BE.
A expansão da Feira Internacional de Lisboa (FIL) prevê que “a área expositiva quase triplique”, para cerca de 110 mil metros quadrados nos próximos 10 anos, num investimento global superior a 150 milhões de euros, anunciou a Fundação AIP em Março.
O acordo para a manutenção da Web Summit em Lisboa prevê um investimento público anual de, pelo menos, 11 milhões de euros pelo período de 10 anos, dos quais três milhões serão atribuídos pelo município lisboeta.