Met Gala: das quatro camadas de Gaga ao candeeiro de Katy Perry
Lady Gaga mudou de guarda-roupa várias vezes nas escadas do Met, Katy Perry vestiu-se de candeeiro e Cardi B precisou da ajuda de várias pessoas para carregar o seu enorme vestido.
Com um tema enigmático e uma passadeira cor-de-rosa, a 71.ª edição do Met Gala marcou a abertura de mais uma exposição do Costume Institute, do Metropolitan Museum of Art — como sempre, na primeira segunda-feira de Maio. Lady Gaga mudou de guarda-roupa várias vezes nas escadas do Met, Katy Perry vestiu-se de candeeiro e Cardi B precisou da ajuda de várias pessoas para carregar o seu enorme vestido.
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Com um tema enigmático e uma passadeira cor-de-rosa, a 71.ª edição do Met Gala marcou a abertura de mais uma exposição do Costume Institute, do Metropolitan Museum of Art — como sempre, na primeira segunda-feira de Maio. Lady Gaga mudou de guarda-roupa várias vezes nas escadas do Met, Katy Perry vestiu-se de candeeiro e Cardi B precisou da ajuda de várias pessoas para carregar o seu enorme vestido.
O tema da exposição de 2019, Camp: Notes on Fashion, aponta para uma estética com décadas de história e com uma definição pouco concisa. Anna Wintour, directora da revista Vogue e anfitriã do evento, deu uma ajuda, resumindo-a como “algo escandaloso, divertido, irónico”. E bem avisou, num vídeo publicado pela Vogue: “Acho que a exposição deste ano, possivelmente mais do que qualquer outra, é sobre auto-expressão e individualidade.”
No ano passado, Heavenly Bodies: Fashion and Catholic Imagination — que explorava a influência do catolicismo na moda — foi, segundo o The Art Newspaper, a exposição de arte mais visitada do ano no mundo inteiro, com 1,7 milhões de entradas, demonstrando como o interesse por exposições de moda é cada vez maior. Ao longo dos últimos anos, o Met Gala foi ganhando estatuto, num dos eventos mais exclusivos do ano, com a presença de grandes estrelas da música e cinema. Os convidados vestem-se a rigor, de acordo com o tema da própria exposição. E, geralmente, optam por assumir mais riscos do que em qualquer outra passadeira vermelha.
Este ano, talvez mais do que noutros, a extravagância invadiu as escadas do Met. Logo a começar por Lady Gaga, uma das co-anfitriãs da gala deste ano — ao lado da tenista Serena Williams, do cantor Harry Styles e do director criativo da Gucci Alessandro Michele. É certo que a cantora já nos habituou a esperar uma entrada dramática, mas desta vez não se limitou a um conjunto extravagante. Em vez disso, foi tirando camada a camada, até ficar em lingerie. Primeiro chegou com um vestido cor-de-rosa com uma enorme causa, acompanhada por uma série de homens em smoking, com guarda-chuvas pretos. Pouco a pouco foi tirando camadas: o gigante laço na cabeça, depois o vestido, revelando um outro preto por baixo. Com a ajuda de uma tesoura, o criador Brandon Maxwell — que vestiu e acompanhou a cantora — revelou um outro vestido cor-de-rosa. Finalmente, Gaga posou apenas de cuecas e soutien pretos.
Entre outras figuras que se destacaram pela ousadia estiveram Lupita Nyong’o, Janelle Monae, Cara Delavigne, Cardi B e Gigi Hadid. Não houve falta de plumas, brilhos, cor (sobretudo cor-de-rosa) e adereços na passadeira. A criadora Diane von Fürstenberg foi a representar a estátua da liberdade e Tracee Ellis Ross levou uma moldura grande que saía do decote do seu vestido e lhe enquadrava o rosto. Numa outra coisa Anna Wintour estava certa: que este ano os homens não iriam ficar para trás em termos de originalidade. Jared Leto posou para as câmaras com uma estátua da sua própria cabeça debaixo do braço e o cantor Billy Porter chegou em tons de dourado, com asas e transportado em cima de um andor. A família Kardashian-Jenner não passou despercebida e também a modelo portuguesa Sara Sampaio marcou presença. Como é costume, muitas das celebridades vão ao Met Gala como convidadas de criadores. Gwen Stefani, por exemplo, fez-se acompanhar por Jeremy Scott, Emma Stone por Nicolas Ghesquière, Hailey Bieber por Alexander Wang, Julianne Moore por Pierpaolo Piccioli e Jennifer Lopez por Donatella Versace.
O tema da exposição do Costume Institute deste ano deixou, de antemão, o público mistificado. Não há propriamente uma única definição que possa ser resumida numa frase, mas o museu remete para um ensaio da crítica de arte Susan Sontag publicado em 1964, com o mesmo nome, que deu o enquadramento para a exposição. Esta descrevia uma “seriedade que falha”, o “gosto pelo andrógino”, o amor “pelo antinatural e exagerado” e “algo com ambições de grandiosidade que vai longe demais”. Jennifer Lopez também ofereceu uma boa definição de camp, em entrevista, na chegada ao evento: “Acho que camp é exagerado, a fantasia daquilo que farias se ninguém estivesse a olhar”.
“Camp é um ponto de interrogação que não deixa a sua linha ser esticada”, acaba por concluir um vídeo de YouTube do Met. A palavra apareceu pela primeira vez na era do Louis XIV e na Inglaterra vitoriana ficou associado com a subcultura queer — algo que se reflecte na divisão da exposição. Apesar da conhecida regra que proíbe os convidados de tirar fotografias durante o evento, o próprio Met partilhou algumas imagens da exposição.