Comité central da Frelimo adia decisão sobre processo disciplinar a Samora Machel Jr.
Filipe Nyusi já tinha dado a indicação de que a decisão sobre o processo disciplinar a “Samito” Machel poderia ser contornado.
O comité central da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder no país, encerrou sem uma decisão sobre o processo disciplinar instaurado contra Samora Machel Jr., filho do primeiro Presidente moçambicano. O comité confirmou também Filipe Nyusi como candidato do partido às eleições de Outubro.
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O comité central da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder no país, encerrou sem uma decisão sobre o processo disciplinar instaurado contra Samora Machel Jr., filho do primeiro Presidente moçambicano. O comité confirmou também Filipe Nyusi como candidato do partido às eleições de Outubro.
O Comité de Verificação da Frelimo instaurou um processo disciplinar a “Samito” Machel, como é conhecido, acusando o político de violar os estatutos do partido ao tentar concorrer como independente a autarca de Maputo nas eleições municipais de 10 de Outubro do ano passado.
No primeiro dia do comité central, na sexta-feira, o porta-voz da Frelimo, Caifadine Manasse, disse à comunicação social que até ao fim do encontro este órgão iria emitir um veredicto sobre o “caso Samora Machel Júnior”, assinalando que o partido toma sempre posição em relação aos assuntos da organização e do país.
“O que estamos a fazer é debater o relatório do Comité de Verificação [que é o órgão de disciplina do partido], compreender com profundidade o que aconteceu e, no fim, teremos um veredicto”, afirmou Caifadine Manasse.
No sábado, Caifadine Manasse disse à comunicação social que o assunto foi debatido no contexto da “família” Frelimo e que o mesmo não devia retirar o foco do partido, que é vencer as eleições gerais de 15 de Outubro.
Um quadro da Frelimo disse à Lusa que o tema será debatido na próxima reunião do comité central, que vai realizar-se após as eleições.
Filipe Nyusi já tinha dado a indicação de que a decisão sobre o processo disciplinar a “Samito” Machel poderia ser contornado, quando disse no discurso de abertura, na sexta-feira, que o foco do partido são as eleições gerais e que os adversários da Frelimo são os partidos da oposição e estão fora do partido.
O processo disciplinar a Samora Machel Jr. é encarado como um teste dilemático para a liderança de Filipe Nyusi na Frelimo, uma vez que uma expulsão arrisca criar fracturas no partido, tendo em conta a história e a influência da família Machel, mas deixar o caso indefinido ameaça abrir um precedente num partido conhecido por exercer uma disciplina férrea sobre os seus quadros.
Num repúdio aberto ao comportamento de Samora Machel Jr., todas as organizações filiadas à Frelimo, incluindo a poderosa Associação dos Combatentes de Luta de Libertação Nacional (ACLIN), os veteranos da organização, exigiram no comité central o respeito pela disciplina e pelos estatutos da Frelimo.
Samora Machel Júnior propôs antes da reunião do comité central da Frelimo a abertura de um processo disciplinar a Filipe Nyusi, acusando-o de violar os estatutos do partido.
Samora Machel Júnior culpa Filipe Nyusi por ter visto a sua candidatura a autarca de Maputo bloqueada pela Frelimo nas eleições autárquicas de 10 de Outubro do ano passado.
Machel Júnior tem o apoio da sua madrasta, a influente Graça Machel, também membro do comité central da Frelimo, o órgão mais importante do partido no intervalo entre os congressos, que afirmou publicamente que, como mãe, sente-se no dever de ficar ao lado do filho nas suas reivindicações políticas.
Além de Graça Machel, o político conta ainda com o apoio público de vários membros da Frelimo.