Quercus apreensiva com “desconstrução” das torres do Aleixo
Associação quer fazer do Aleixo um “projecto-piloto de boas práticas ambientais”. Demolição selectiva, como está a ser estudada para o prédio Coutinho, em Viana do Castelo, permite maior reaproveitamento de materiais
As fotografias que têm visto das três torres do Aleixo chegam para a Quercus identificar “grandes quantidades de materiais” que, depois de serem transformados em “resíduos de construção e demolição” (RCD), podem ter uma segunda vida. Seja pela entrada no ciclo de economia circular do sector da construção, como materiais em segunda mão ou como matérias-primas secundárias, os RCD “apresentam índices de reciclabilidade que variam entre os 80 e os 98%”. Por isso, a associação ambientalista ofereceu ajuda para transformar a desconstrução do bairro portuense onde já não mora gente num “projecto-piloto de boas práticas ambientais”.
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As fotografias que têm visto das três torres do Aleixo chegam para a Quercus identificar “grandes quantidades de materiais” que, depois de serem transformados em “resíduos de construção e demolição” (RCD), podem ter uma segunda vida. Seja pela entrada no ciclo de economia circular do sector da construção, como materiais em segunda mão ou como matérias-primas secundárias, os RCD “apresentam índices de reciclabilidade que variam entre os 80 e os 98%”. Por isso, a associação ambientalista ofereceu ajuda para transformar a desconstrução do bairro portuense onde já não mora gente num “projecto-piloto de boas práticas ambientais”.
A carta foi enviada a Rui Moreira, embora não seja à Câmara do Porto que cabe a tarefa de “desconstruir” as torres. Com a entrega dos terrenos do Aleixo à Invesurb, prevista para esta terça ou quarta-feira, fica nas mãos do Fundo Especial de Investimento Imobiliário a missão de “apagar” as torres da paisagem.
O presidente da autarquia já revelou que não se repetirá o cenário de 2011 e 2013, quando as torres 4 e 5 foram implodidas por ordem de Rui Rio. Mas sobre a desconstrução prevista disse apenas que demorará “cerca de seis meses”. Num comunicado enviado ao PÚBLICO, a Quercus diz ver com “apreensão” este caso e recorda que o método de “demolição selectiva”, com objectivo de “reaproveitamento dos materiais em bom estado”, é mais benéfico do que o da “demolição tradicional, recorrendo a meios mecânicos”.
Uma obra desta natureza, continua a Quercus, “obriga a um plano de prevenção de resíduos de construção e demolição”, responsabilidade do “dono de obra”. Essa estratégia permite, logo à partida, fazer “uma triagem de todos os resíduos gerados”. Se o processo for conduzido como a associação recomenda, é possível reutilizar, por exemplo, elevadores, sanitários, torneiras e ainda reintroduzir em novos processos materiais como madeiras ou gesso.
Num estudo feito em parceria com o Portal da Construção Sustentável, a Quercus já percebeu, no caso do prédio Coutinho, em Viana do Castelo, que “o aproveitamento de materiais de construção reutilizáveis/ recicláveis, ronda uma percentagem de 90%”. E isso significa uma “poupança directa no mínimo de 20% do valor total associado à gestão de resíduos”.
Em Portugal, a lei obriga a uma incorporação de apenas 5% de materiais reciclados em obras públicas. Mas, até 2020, o país terá de cumprir as recomendações da Europa e subir essa percentagem para os 70%. “Só implementando estas técnicas nos poderemos aproximar das metas europeias”, sublinha a Quercus.