PS segue exemplo do PSD e vai expulsar militantes condenados por crimes de corrupção

Secretário nacional da organização acena com os estatutos para dizer que os militantes têm deveres para com o partido e que não podem cometer “falhas graves”.

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Secretário nacional para a organização, Hugo Pires, diz que o PS "está mais exigente" Hugo Delgado/Lusa

Ao avançar há dias com um processo de expulsão do antigo deputado social-democrata Duarte Lima, conforme prevêem os estatutos para militantes condenados em casos de corrupção, o PSD colocou o tema na agenda política. O PS também não quer ter nas suas fileiras militantes condenados por crimes de corrupção e vai discutir o assunto internamente.

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Ao avançar há dias com um processo de expulsão do antigo deputado social-democrata Duarte Lima, conforme prevêem os estatutos para militantes condenados em casos de corrupção, o PSD colocou o tema na agenda política. O PS também não quer ter nas suas fileiras militantes condenados por crimes de corrupção e vai discutir o assunto internamente.

“O PS não tem de ter medo de falar abertamente deste assunto. O combate à corrupção deve ser e tem de ser um dos desígnios do partido”, declarou ao PÚBLICO o secretário nacional para a organização do PS, Hugo Pires, garantindo que o “partido está atento e será cada vez mais exigente”.

No prazo de um ano, o PS viu dois ex-militantes mediáticos desfiliarem-se: José Sócrates, a quem são imputados 31 crimes (três de corrupção passiva, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documento e três de fraude fiscal qualificada), e Armando Vara, preso em Évora a cumprir pena por tráfico de influências, no processo Face Oculta. Nenhum deles foi expulso do partido.

 Há precisamente um ano, José Sócrates pediu a desfiliação do PS numa carta enviada ao partido e cheia de acusações à direcção de António Costa. O antigo primeiro-ministro queixava-se de estar a ser alvo de uma “condenação sem julgamento”. Já Armando Vara desvinculou-se do PS numa altura em que já estava a cumprir uma pena efectiva de prisão de três anos, decretada pelo Tribunal de Aveiro. Na carta enviada ao secretário-geral do PS, Vara assumiu que sai para não criar embaraços ao partido.

“Foi sensato da parte de Armando Vara sair e o partido respeita a sua decisão”, diz Hugo Pires, reafirmando a posição do PS: “Não admitiremos que haja militantes que desempenham cargos públicos envolvidos em casos de corrupção. O PS tem de ter uma postura relativamente a esta matéria no sentido da expulsão e os estatutos do partido são claros”, acrescenta o secretário nacional da organização dos socialistas, observando que os estatutos do partido “vão um pouco mais longe nesta matéria do que os de outros partidos políticos”.

Hugo Pires cita, de resto, os estatutos para afirmar que os militantes têm deveres e um deles é “manter um elevado sentido de responsabilidade no exercício de qualquer actividade profissional, sindical, associativa, cívica ou pública. Quem faltar a estes deveres causa um sério prejuízo ao prestígio e ao bom nome do partido”. O secretário nacional para a organização do PS ressalva, contudo, que os militantes que cometam uma “falta grave”, conceito em que cabem os casos de crime de corrupção, só serão expulsos após esgotadas todas as possibilidades de recursos.