Sem ter muito trabalho, que isso cansa, dá para ajudar o ambiente?
Não dá para deixar para depois. Mesmo que seja só com pequenas acções e pouca motivação, o “R” do momento é “Reduzir”. Sem grande esforço, que não queremos incomodar ninguém.
Ultrapassada a fase da negação (que nem todos conseguiram ou quiseram ultrapassar), chega a altura de perceber que fazemos todos mais mal ao ambiente do que bem. No mundo ocidental, sim, todos. Mesmo.
A verdade faz-nos mais fortes
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Ultrapassada a fase da negação (que nem todos conseguiram ou quiseram ultrapassar), chega a altura de perceber que fazemos todos mais mal ao ambiente do que bem. No mundo ocidental, sim, todos. Mesmo.
Não acreditas? Faz as contas.
Respirar fundo. Pensar.
Que mundo é que estamos “a cozinhar” para as gerações futuras?
E estamos minimamente incomodados com isso? Nem quero dizer “preocupados”, para não ofender ninguém.
Sabemos (ou deveríamos já saber) que separar o lixo não chega, que até os sacos biodegradáveis nos desiludem e não se degradam, mas como ser ambientalista fundamentalista não é opção, como é que podemos ajudar o planeta e as nossas próprias vidas sem nos consumirmos nem sequer nos cansarmos (nem aos que connosco convivem)?
O primeiro passo é a recolha de informação. É verdade, dá jeito saber o que se passa “lá fora”, de fonte segura.
Já todos sabemos que o paradigma da comunicação social mudou e que a televisão, rádios e jornais ditos generalistas não servem o propósito de satisfazer quem quer ir um pouco mais além em termos de conhecimento quotidiano.
A extensão online da revista Nature, a secção de Ciência e Ambiente da BBC, o blogue Climate Change moderado pela NASA ou as secções do The Guardian e Science News com o mesmo nome são locais bons de visitar.
Não há desculpas, não há falta de informação. Só de alterações climáticas são conhecidas centenas de fontes de informação. Quem quer ter mesmo pouco trabalho, rapidamente organiza um RSS para nem ter de andar “de site em site” à procura de informação...
O segundo passo é a redução/eliminação de maus hábitos. É mesmo isso: não é acrescentar algo a “fazer”, é começar a “deixar de fazer”, ainda mais fácil, sem cansaços desnecessários.
Deixar de usar plásticos de primeiro uso (os que usamos uma única vez e deitamos fora, nomeadamente nas embalagens de comida), deixar de ir aos supermercados e passar a fazer as compras online (menos tempo e menos combustíveis gastos, menos compras por impulso), reduzir o desperdício de comida (guardar restos e, se possível, pensar na compostagem), reduzir o uso do carro (especialmente em circuitos urbanos e/ou em viagens solitárias), deixar de atirar beatas de cigarro para o chão (são altamente poluentes para os oceanos, demorando entre dois a 10 anos a se decomporem), deixar de usar palhinhas, copos e garrafas de plástico (quase inúteis, muito poluentes e geralmente não-recicláveis), deixar de comprar produtos novos como se não houvesse alternativa para os avariados que podem, realmente, ser reparados (o custo não é só o financeiro, há um impacto ambiental a considerar) ou mesmo na compra de produtos em segunda mão (de OLX ao eBay, passando pelo Marketplace do Facebook, é quase impossível não encontrar o que se queira).
Pode parecer pouco, mas acções destas ajudam a que as necessidades de produção diminuam à escala global e combatem, de facto, o culto do efémero, do fácil e inconsciente desperdício. A título de exemplo, só para a produção das garrafas de plástico eram necessários mais de 17 milhões de barris de petróleo em 2015, um número que ainda está a aumentar.
O terceiro passo são acções pontuais que não custam muito. É verdade, este é o nível mais avançado, só para quem tiver vontade de fazer “qualquer coisinha”, nada que faça transpirar.
Todos somos diferentes e todos temos maior facilidade em algumas acções e maior dificuldade noutras. Às vezes, uma pequena motivação ajuda-nos a ter atitudes com grande impacto como, por exemplo, pensar que quase um quarto das emissões globais de gases de efeito de estufa no planeta provêm da alimentação de gado e agricultura, considerar um dia por semana sem uso de aparelhos electrónicos, ou um dia sem carne e alimentos processados, um dia em que se anda à boleia ou car-pooling, um dia em que não se deite nada para o lixo. Até há jogos em forma de apps como o Environment Challenge ou o Go Green Challenge que podem servir para criar objectivos engraçados todos os dias, com uma sensibilização da consciência ambiental (é verdade que o gamification ainda não entrou a sério no tema “Ambiente”, mas lá chegaremos).
Não dá para deixar para depois. Mesmo que seja só com pequenas acções e pouca motivação, o “R” do momento é “Reduzir”. Sem grande esforço, que não queremos incomodar ninguém.