Direitos humanos, feminismo e memória definem finalistas do Prémio Turner

Lawrence Abu Hamdan, Helen Cammock, Tai Shani e Oscar Murillo são os quatro candidatos cujo nome foi conhecido esta quarta-feira.

Foto
Lawrence Abu Hamdan, Helen Cammock, Tai Shani e Oscar Murillo Tate

Os artistas Lawrence Abu Hamdan, jordano, as britânicas Helen Cammock e Tai Shani e o colombiano Oscar Murillo são os quatro finalistas do Prémio Turner, anunciados esta segunda-feira pela Tate Britain, em Londres.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Os artistas Lawrence Abu Hamdan, jordano, as britânicas Helen Cammock e Tai Shani e o colombiano Oscar Murillo são os quatro finalistas do Prémio Turner, anunciados esta segunda-feira pela Tate Britain, em Londres.

Os direitos humanos e os direitos das mulheres, a Irlanda do Norte, as repercussões sociais da globalização e a importância da memória são vectores que atravessam o trabalho dos finalistas, cujo vencedor será conhecido em 3 de Dezembro.

O Prémio Turner, um dos mais importantes da arte contemporânea a nível mundial, toma o nome do expoente do Romantismo britânico, Joseph William Turner (1775-1851), e tem este ano, como membros do júri, Alessio Antoniolli, diretor da Gasworks & Triangle, rede de apoio a jovens artistas, Elvira Dyangani Ose, diretora da galeria The Showroom, em Londres, Victoria Pomery, diretora da Turner Contemporary, e o jornalista e blogger Charlie Porter. O júri é presidido por Alex Farquharson, director da Tate Britain.

A exposição individual Earwitness Theatre, em Chisenhale, a vídeo-instalação Walled Unwalled e a performance After SFX, na Tate Modern, em Londres, estão na base da escolha do artista jordano Lawrence Abu Hamdan, residente em Beirute. O trabalho de Abu Hamdan, segundo o júri, investiga crimes ocultos, “ouvidos e não vistos”, “explorando os processos de reconstrução, a complexidade da memória e da linguagem, assim como a urgência dos direitos humanos e da sua defesa”. O júri destacou em particular o uso do som, como elemento arquitectónico, nas instalações de Abu Hamdan.

Na base da escolha de Helen Cammock está a exposição The Long Note at Void, mostrada em Derry/Londonderry (o júri usa a dupla grafia pró e anti-britânica da cidade-condado da Irlanda do Norte), e em Dublin, que aborda o papel das mulheres no movimento dos direitos civis, numa das localidades mais marcadas pelo confronto de décadas entre nacionalistas e unionistas, no Ulster. O júri destacou o carácter incisivo, actual e urgente do trabalho de Cammock, que explora histórias sociais através de cinema, fotografia, impressão, texto e “performance”, “criando narrativas em camadas, que permitem revelar a natureza cíclica da História”.

De Oscar Murillo, é recordada a participação, no ano passado, na 10.ª Bienal de Arte Contemporânea de Berlim, a exposição individual Violent Amnesia, em Cambridge, e a mostra K11, em Xangai, na China. A capacidade de levar os materiais ao limite é a característica destacada pelo júri, assim como “a variedade de técnicas e meios”, que combinam pintura desenho, performance, escultura e som, muitas vezes com apelo a materiais reciclados. “O trabalho de Murillo reflete a sua própria experiência de afastamento [da terra de origem] e as repercussões sociais da globalização”, destaca o júri. Murillo reside em Londres e faz parte, regularmente, das listas de jovens artistas em destaque no Reino Unido.

A escolha de Tai Shani é sustentada pela participação na mostra Glasgow International, pela exposição individual DC: Semiramis, em Leeds, e pela participação em Still I Rise, mostra colectiva sobre “feminismos, género e capacidade de resistência”, em diferentes expressões artísticas. O júri sublinhou a natureza do projecto Dark Continent, que Shani mantém em desenvolvimento há cerca de quatro anos, e a sua capacidade de trabalhar textos históricos com referência a questões contemporâneas. Inspirado num texto feminista do século XV, O Livro da Cidade das Mulheres, da autora de origem veneziana Christine de Pizan, Shani usa instalações “para criar sua própria cidade alegórica”, descreve o júri.

Os quatro finalistas irão expor na Turner Contemporary, em Margate, de 28 de Setembro a 12 de Janeiro de 2020. O Prémio Turner, criado em 1984, no âmbito da Tate Britain, “é inspirado pela abordagem inovadora e radical de [Joseph William] Turner à arte”, conclui o comunicado do júri.