Instagram experimenta deixar de mostrar o número de likes

A medida faz parte da missão do Facebook para mostrar que se preocupa com o bem-estar dos utilizadores. Teste será feito no Canadá.

Foto
A ferramenta de “gosto” pode induzir os utilizadores a passar mais tempo nas redes sociais Nélson garrido

O Instagram vai experimentar remover o número de “gostos” que os utilizadores recebem numa publicação. O objectivo é levar as pessoas que usam a aplicação a estarem focadas nas fotografias e nos vídeos que são partilhados, e não na popularidade que estão a ter.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Instagram vai experimentar remover o número de “gostos” que os utilizadores recebem numa publicação. O objectivo é levar as pessoas que usam a aplicação a estarem focadas nas fotografias e nos vídeos que são partilhados, e não na popularidade que estão a ter.

O teste faz parte da estratégia do Facebook – dono do Instagram desde 2012 – para mostrar que a rede social se preocupa com a saúde dos utilizadores.

A informação foi anunciada numa publicação da empresa horas antes da F8, a conferência anual em que o Facebook apresenta os seus novos projectos e produtos. Para já, apenas os utilizadores no Canadá estarão incluídos na experiência.

A novidade surge semanas depois de o Reino Unido anunciar que está a pensar fazer com que os menores de idade deixem de receber “gostos” nas redes sociais. A recomendação veio da agência britânica de protecção de dados, a ​Information Commissioner's Office (ou ICO, na sigla original).

De acordo com a ICO, a ferramenta de “gosto” pode induzir os utilizadores a quererem passar mais tempo nas redes sociais, por exemplo, quando recebem informação de que o conteúdo que publicam está a gerar atenção: “Ciclos de recompensa ou técnicas de reforço positivo podem incentivar os utilizadores a permanecer activos num serviço, permitindo que este recolha mais dados pessoais.”

Nos últimos anos, as empresas por detrás de grandes redes sociais têm sido alvo de atenção negativa pela forma como motivam as pessoas a passar mais tempo a utilizar os seus serviços.

De acordo com a norte-americana Catherine Price, autora de um manual de desintoxicação para largar o telemóvel, o Instagram está programado para ocultar novos “gostos” aos utilizadores de modo a apresentá-los de uma só vez no momento mais eficaz possível.

Um estudo publicado este ano na revista académica Psychological Science – com base em 32 adolescentes norte-americanos entre os 13 e os 18 anos – mostra que os adolescentes dão mais atenção a fotografias com mais gostos independentemente do conteúdo (comida, amigos, álcool e tabaco). Os autores também concluem que ver uma publicação com muitos gostos tem o mesmo efeito no cérebro dos jovens que ganhar uma grande quantidade de dinheiro. 

Não é a primeira vez que o Facebook tenta corrigir os efeitos das suas redes sociais. Em Agosto de 2018, a rede social anunciou a criação de painéis de controlo para mostrar aos utilizadores exactamente quanto tempo passam na plataforma. Meses antes, tanto a Apple como o Google tinham anunciado ferramentas do género.

Para o Google, é preciso ajudar as pessoas a encontrar um “equilíbrio” entre a vida real e a digital ao limitar o tempo que passam online. Já a Apple quer que as pessoas larguem os aparelhos durante a noite.

Para o Facebook, porém, o problema não é o tempo que se passa a usar os serviços da empresa, mas sim quando se deixa de interagir com outros utilizadores (por exemplo, através de comentários e mensagens) para usar passivamente as plataformas.