Vox, o partido amigo do dr. Nuno Melo
Tem medo que o sr. Ventura de Loures lhe vá tirar votos? Mesmo sendo o CDS o partido mais à direita do espectro nacional, esta colagem ao Vox e ao orgulho franquista não deixa de ser uma aberração.
Na véspera das eleições em Espanha, o dr. Nuno Melo, o candidato do CDS a estas europeias, vem recusar o epíteto de extrema-direita para o Vox, a força emergente que quer proibir o financiamento público dos partidos políticos, fazer implodir a Constituição espanhola e suas autonomias, sair do tratado de Shengen, aprovar uma série de leis que destilam islamofobia e xenofobia, acabar com a lei de violência de género e com a lei da memória histórica – e prevê um “plano integral para o conhecimento, difusão e protecção da identidade nacional (…) com especial atenção para a gesta e façanhas dos nossos heróis nacionais”.
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Na véspera das eleições em Espanha, o dr. Nuno Melo, o candidato do CDS a estas europeias, vem recusar o epíteto de extrema-direita para o Vox, a força emergente que quer proibir o financiamento público dos partidos políticos, fazer implodir a Constituição espanhola e suas autonomias, sair do tratado de Shengen, aprovar uma série de leis que destilam islamofobia e xenofobia, acabar com a lei de violência de género e com a lei da memória histórica – e prevê um “plano integral para o conhecimento, difusão e protecção da identidade nacional (…) com especial atenção para a gesta e façanhas dos nossos heróis nacionais”.
Nuno Melo aconselha-nos a ler o programa do Vox, mas talvez seja mais útil – para perceber do que estamos a falar – ler as 100 medidas do partido de Abascal, aquele que Melo já vê a integrar o Partido Popular Europeu (se Orbán já lá está, ao fim e ao cabo é só mais um).
A ilegalização do aborto e da mudança de sexo são apenas duas medidas das 100 propostas feitas por estes herdeiros do franquismo que arriscam a ter nas eleições deste domingo um resultado histórico.
A relativa moderação de Assunção Cristas faz-nos esquecer que o CDS já foi um partido populista, a roçar a extrema-direita, embora nunca tenha chegado aos pés do Vox.
Essa mudança aconteceu nos tempos em que era liderado por Manuel Monteiro, com o apoio ideológico de Paulo Portas. Quando chutou Monteiro e chegou a líder, Portas retirou o partido do antieuropeísmo em que ele próprio o colocou e, apesar das batalhas nas feiras “contra os do rendimento mínimo” e de um discurso às vezes a tocar no anti-imigrante, moderou-o.
É deste CDS que Nuno Melo tem saudades? Tem medo que o sr. Ventura de Loures lhe vá tirar votos? Mesmo sendo o CDS o partido mais à direita do espectro nacional, esta colagem ao Vox e ao orgulho franquista não deixa de ser uma aberração.