Cheias submergem estrada que liga Pemba ao resto do país
O ciclone Kenneth dissipou-se no sábado, mas semeou chuva com intensidade em diversas zonas das províncias de Cabo Delgado e Nampula.
A principal estrada de ligação de Pemba ao resto de Moçambique está cortada porque as cheias provocadas pela chuva trazida pelo ciclone Kenneth terem gerado uma corrente que cobre quase um quilómetro da via.
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A principal estrada de ligação de Pemba ao resto de Moçambique está cortada porque as cheias provocadas pela chuva trazida pelo ciclone Kenneth terem gerado uma corrente que cobre quase um quilómetro da via.
A chuva forte desta madrugada e manhã na região da capital provincial de Cabo Delgado, no Norte do país, encheu rapidamente uma zona baixa de três hectares de pastagens ao lado da Estrada Nacional 1 (EN1), a cerca de 15 km da cidade.
O lago que ali se criou transbordou por cima da via para um campo mais baixo que se situa do outro lado do asfalto. A corrente que cobriu a estrada formou-se pela manhã e tem estado a abrandar durante a tarde.
Do lado a leste, à saída de Pemba, a polícia impede que, por prevenção, os carros se aproximem da zona coberta pela água, mas do lado oeste, os veículos que querem entrar na capital provincial tentam a sua sorte.
À vez, cada qual tem atravessado a corrente, lado a lado com pessoas que, carregadas com bagagens ou com bebés de colo, fazem a travessia a pé.
“Foi difícil, mas não tem outro jeito”, referiu Belinha Cipriano, depois de enfrentar a corrente com bagagens e a filha, Luísa, enrolada numa capulana (tecido) entre os braços.
“Já tinha visto isso assim antes, em 2002”, recorda Armando Amade, que se desloca para Pemba porque um filho com a casa inundada, no bairro de Natite. A cidade também foi palco de cheias repentinas, em zonas que costumam ser mais afectadas após a chuva.
As previsões apontam para um abrandamento da precipitação em Pemba e fonte ligada às autoridades disse que se espera que a corrente que está a submergir a EN1 desapareça nas próximas horas, assim que os níveis pluviométricos foram reestabelecidos.
O ciclone Kenneth dissipou-se no sábado, mas semeou chuva com intensidade em diversas zonas das províncias de Cabo Delgado e Nampula que ainda deverão prolongar-se pelos próximos dias e com alertas para as bacias de vários rios da região.
Pemba tinha escapado à entrada do ciclone em terra, na quarta-feira, mas o pior por acabou por chegar hoje.
O ciclone Kenneth foi o primeiro, desde que há registos, a atingir o Norte de Moçambique, onde provocou cinco mortos, segundo número oficiais e numa altura em que ainda decorrem levantamentos em zonas mais remotas.
Quase 3500 casas foram parcial ou totalmente destruídas em Pemba, pelo menos 16 mil pessoas foram afectadas pelo ciclone e há mais de 18 mil pessoas em 22 centros de acomodação,
Em toda a província de Cabo Delgado, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) estima em 168.219 o número de pessoas afectadas pelo ciclone Kenneth. Os últimos dados disponibilizados mantêm cinco vítimas mortais.
As famílias afectadas são 35.290, segundo o ponto de situação que usa dados preliminares de sábado. Quanto a danos, o INCG atualiza as casas totalmente destruídas para 3895 e as parcialmente destruídas para 31.305.
O INGC diz que há 4284 pessoas vulneráveis nos centros de acomodação. a precisar de assistência humanitária. Quanto aos meios alocados, há 230 especialistas humanitários, três helicópteros, 10 barcos, 15 camiões, uma avioneta, 15 telefones satélite e três drones.
Sofreram ainda danos 75 salas de aula, o que afecta 3909 alunos. Duas pontes, 22 postes de média tensão e 34 postes de baixa tensão foram igualmente danificados.