A arte dos petiscos à volta do rio e do mar

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O transmontano Virgílio Nogueiro Gomes e a ribatejana Isabel Zibaia Rafael, que já se tinham dedicado juntos aos “petiscos e miudezas à portuguesa”, projecto que deu um livro, voltam-se agora para os “petiscos do rio e do mar”, com uma série de receitas, acompanhadas por histórias dos peixes do rio e do mar e também dos moluscos e crustáceos.

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O transmontano Virgílio Nogueiro Gomes e a ribatejana Isabel Zibaia Rafael, que já se tinham dedicado juntos aos “petiscos e miudezas à portuguesa”, projecto que deu um livro, voltam-se agora para os “petiscos do rio e do mar”, com uma série de receitas, acompanhadas por histórias dos peixes do rio e do mar e também dos moluscos e crustáceos.

Os autores começam por recordar as infâncias em que frequentavam praias fluviais, no Tejo ou no Sabor, os almoços de merendas junto ao rio, enquanto alguns, “os mais atrevidos ou pacientes”, pescavam.

Apesar de andarmos um pouco esquecidos destes peixes de rio, Portugal tem uma invejável variedade, desde os que são considerados mais nobres como a lampreia ou a truta, até ao popular sável, muito apreciado, na época própria, com a açorda feita com as próprias ovas. Neste livro, as receitas ensinam a fazer, por exemplo, as tradicionais enguias fritas, um escabeche branco de sável ou umas trutas abafadas.

Depois dos peixes do rio, surgem os do mar, e propostas como os carapaus alimados, os rissóis de pescada ou o fígado de tamboril com moscatel e maçã caramelizada. Mas antes disso, há o texto de enquadramento em que os autores falam das diferentes técnicas, da cozedura a frio à fritura acompanhada por molho de escabeche, manifestando contudo uma preferência pela simples grelha, “a melhor confecção para apreciar a frescura e consistência” do peixe.

Os dois últimos capítulos centram-se nos moluscos e nos crustáceos, com uma série de clássicos como os choquinhos na frigideira, camarão ao alhinho ou as amêijoas à Bulhão Pato, mas também as empadas de berbigão, as navalhas no tacho com coentros ou a sapateira recheada.

Todos os capítulos são acompanhados por provérbios ou expressões populares como os menos politicamente correctos “a mulher e o peixe do mar são difíceis de apanhar” e “a mulher e a sardinha querem-se da mais maneirinha” ou os mais divertidos como “o hóspede e o peixe aos três dias fede” ou “peixe não morre afogado”.

O objectivo do livro é chamar a atenção para a grande variedade de produtos do mar que a costa portuguesa oferece, tendo sido seleccionados os peixes e mariscos “que serão mais facilmente adquiridos”, sem que Virgílio Gomes, estudioso da história da alimentação e autor do site com o seu nome, e Isabel Zibaia Rafael, autora do blogue Cinco Quartos de Laranja e organizadora de workshops de cozinha, tenham a pretensão de ser exaustivos.

Tal como o livro anterior, este é também uma homenagem à arte do petisco (Virgílio é também autor do Tratado do Petisco, outra edição da Marcador) e “à nossa habilidade de a partir de um petisco fazer uma refeição completa” ou, ao contrário, “de pratos base fazer petiscos”.