BE propõe uma Rede Nacional de Museus da Resistência e Liberdade com polo no Porto

Museu Militar do Porto seria o espaço que, segundo o partido, deveria alojar o novo elemento do núcleo museológico.

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Paulo Pimenta

O Bloco de Esquerda apresentou na última quarta-feira, 24 de Abril, na Assembleia da República um projecto de resolução que prevê a criação de uma Rede Nacional dos Museus da Resistência. Depois de Aljube e Peniche, o partido sugere que seja o Porto a receber mais um núcleo desta rede museológica e já anunciou o espaço em que pretende que o acervo seja instalado: o actual Museu Militar do Porto.

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O Bloco de Esquerda apresentou na última quarta-feira, 24 de Abril, na Assembleia da República um projecto de resolução que prevê a criação de uma Rede Nacional dos Museus da Resistência. Depois de Aljube e Peniche, o partido sugere que seja o Porto a receber mais um núcleo desta rede museológica e já anunciou o espaço em que pretende que o acervo seja instalado: o actual Museu Militar do Porto.

Para justificar a escolha, o partido recorre à “sustentação histórica”, já que foi neste espaço que, durante o período de vigência do Estado Novo, as delegações da PIDE/DGS se instalaram e promoveram actos de aprisionamento, tortura e execução. Segundo o Bloco, esta é a forma mais correcta de honrar “a memória e a luta dos mais de 7.000 resistentes à ditadura que ali foram presos e torturado pela polícia política do Estado Novo”.

Para além da força política, também associações, com a União de Residentes Antifascistas Portugueses (URAP), e movimentos cívicos, como o “Não Apaguem a Memória”, defendem a escolha do espaço para albergar a instituição. No documento, pode ler-se que “ao fim de 39 anos de utilização do imóvel da rua do Heroísmo, como Museu Militar do Porto, é tempo de restituir a totalidade do edifício à finalidade sempre desejada pelos ex-presos políticos”.

Em 2007, a Assembleia Municipal do Porto já havia aprovado uma Recomendação ao Executivo municipal, apresentada pelo grupo municipal do BE, para a “abertura do procedimento de classificação de interesse público” do imóvel em questão “atendendo ao seu valor arquitectónico, artístico e histórico”.

No projecto de resolução apresentado recentemente, a propósito das comemorações 45º aniversário do 25 de Abril, pode ler-se que a pretensão do partido de criar “uma rede que garanta a divulgação da memória histórica” vai de encontro à resolução aprovada, por unanimidade, em 2008 pela Assembleia da República, na qual se previa a “criação de espaços musealizados em várias zonas do país, no sentido de preservar a memória da luta contra o fascismo”.

Para o Bloco de Esquerda, a inclusão do Porto na Rede de Museus de Resistência e Liberdade justifica-se com o facto de o norte do país ainda carecer de “um espaço museológico adequado” e que homenageie a “memória das lutas” que ali tiveram lugar.

Um documentário para ilustrar a intenção de partido e antigos presos políticos

Para acompanhar a apresentação do projecto de resolução, e ainda no âmbito das comemorações da Revolução, dois deputados bloquistas, Luís Monteiro e José Castro, colaboraram na realização de um documentário, intitulado Museu da Vergonha, em que passam em revista alguns dos episódios mais marcantes vividos durante o regime ditatorial no actual Museu Militar do Porto.

Para isto, contaram com os testemunhos de quem sentiu na pele as atrocidades cometidas pela política militar: os antigos presos políticos. Foram, também, ouvidos historiadores e museólogos que se congregam em torno da decisão de criar um Museu da Resistência no Porto.

Para José Soeiro, deputado e dirigente nacional do Bloco, este documentário é um projecto que aborda a “luta pela transformação das antigas instalações da PIDE no Porto num espaço de memória da luta contra o fascismo”.

O documentário foi apresentado esta sexta-feira, no Porto, a propósito da 5ª edição do DESOBEDOC, iniciativa do Bloco de Esquerda que este ano decorre no Círculo Católico Operário do Porto de 25 a 28 de Abril. A programação da edição de 2019 está a cargo de Sérgio Marques e Tatiana Moutinho.

Texto editado por Ana Fernandes