Investigadores dão a conhecer (e a provar) a ostra portuguesa
A ostra é um promissor recurso natural da nossa costa, dizem os especialistas do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente. Por isso, juntaram-se à produtora de ostras Neptunpearl e durante um dia querem mostrar-nos isso mesmo. Em Setúbal.
Nesta sexta-feira, em Setúbal, uma equipa do centro de investigação Mare (da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) mostra o seu projecto de reabilitação da produção de ostra portuguesa Crassostrea angulata com recurso a microalgas autóctones (Crassoreab).
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Nesta sexta-feira, em Setúbal, uma equipa do centro de investigação Mare (da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) mostra o seu projecto de reabilitação da produção de ostra portuguesa Crassostrea angulata com recurso a microalgas autóctones (Crassoreab).
“Queremos dar a conhecer a importância da cultura da ostra portuguesa nos estuários nacionais”, diz ao PÚBLICO Célia Rodrigues, produtora da Neptunpearl, ostras da Reserva Natural do Estuário do Sado. E acrescenta: “Aproveitamos para divulgar os trabalhos de investigação que estão a decorrer nos Institutos Politécnicos de Setúbal e de Beja e também no Instituto Português do Mar e da Atmosfera.”
Uma acção de sensibilização que se enquadra no Dia Marítimo Europeu, com o tema “A ostra, um promissor recurso natural da nossa costa”. Assim, das 10h às 19h, no n.º13 do Largo António Joaquim Correia (conhecido como “largo da Palmeira”), será possível descobrir o processo de produção e de depuração deste bivalve.
Saborear e registar
Haverá ainda tempo para degustação e para o registo das “sensações” de quem as prova. “Não queremos que as pessoas se limitem a falar em doce ou salgado. Queremos levá-las a observar as conchas, a distinguir as cores e os tamanhos das diferentes espécies, a aperceberem-se da consistência e de outros aspectos”, enumera Célia Rodrigues, com entusiasmo genuíno.
Noutra ocasião, a produtora tinha descrito ao PÚBLICO as diferenças entre a produção nacional e a de outros países. “Aqui em Portugal costumam estar 100 ostras por metro cúbico; em França, são 200 ou mais. Na minha produção, tenho menos de 25”, para explicar que quanto mais espaço existir para o seu desenvolvimento, maior será o seu corpo.
Célia Rodrigues faz ostricultura em aquacultura integrada, sendo as ostras biofiltradoras e ajudando a reduzir a carga orgânica libertada pelos peixes, “porque o sapal é um ambiente já com imensa matéria orgânica”. Aproveita-se a fauna local e as marés. “Interessa mostrar tudo o que aqui habita. Isto é uma maternidade natural. Tudo nasce aqui.”
Este ambiente ajuda a preservar a Crassostrea angulata, a ostra autóctone, que quase desapareceu em 1968 devido à doença das brânquias, que provocou uma crise mundial nas ostras e que em Setúbal se agravou pelo início da industrialização. “É muito importante preservar a Crassostrea angulata na medida em que oferece diversidade genética”, diz a produtora.
Além da projecção de vídeos, estarão expostos vários materiais das diferentes fases de produção. Os visitantes receberão ofertas simbólicas alusivas ao Dia Marítimo Europeu.