Rio e Cristas estão numa relação cada vez mais difícil
Líder do PSD acusa presidente do CDS de “falta de sentido de Estado”, Assunção Cristas diz que não faz oposição fraca.
O limite aos salários dos juízes acabou por gerar uma troca de palavras azedas entre Rui Rio e Assunção Cristas, numa relação que não tem sido fácil ao longo dos tempos. A tensão entre os dois líderes do centro-direita começou nas redes sociais, mas a presidente do CDS acabou por responder ao líder do PSD de viva voz: “Não alinhamos em fotografias com o PS”.
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O limite aos salários dos juízes acabou por gerar uma troca de palavras azedas entre Rui Rio e Assunção Cristas, numa relação que não tem sido fácil ao longo dos tempos. A tensão entre os dois líderes do centro-direita começou nas redes sociais, mas a presidente do CDS acabou por responder ao líder do PSD de viva voz: “Não alinhamos em fotografias com o PS”.
Depois de o CDS-PP ter proposto que os salários dos juízes poderiam deixar de ter o limite do primeiro-ministro – como pretendia o PS – mas teriam de ter o tecto da remuneração do Presidente da República, Rui Rio assumiu uma posição contra frontal. “Isto é falta de sentido de Estado. Não é prudente e, muito menos sensato. É também injusto para muitas classes profissionais”, escreveu o líder do PSD, durante a manhã, na sua conta oficial do Twitter, numa nota que foi republicada por outros colaboradores sociais-democratas.
Assunção Cristas não gostou e à tarde respondeu directamente a Rui Rio: “Se fizéssemos uma oposição fraca, frouxa ou se em cada momento não fossemos capazes de rejeitar o que está, isso sim, era falta de sentido de Estado”. À margem de uma visita à Ovibeja, a líder do CDS-PP fez questão de se demarcar do PSD: “Não damos a mão ao PS. Ao contrário do PSD não alinhamos em fotografias com os socialistas”. A líder do CDS-PP referia-se às posições sociais-democratas ao lado dos socialistas nas votações “das viagens de deputados e do regime de descentralização”.
Foi essa mesma fotografia de Rui Rio e de António Costa que o CDS-PP publicou, num banner, na conta oficial do partido com o título: “Há um bloco central a pedir o teu voto”. Como pano de fundo estão várias notícias sobre os acordos celebrados entre o líder do PSD e o Governo, em Abril do ano passado, e a inscrição “A alternativa somos nós”.
Com a proximidade de Rui Rio ao Governo PS, a estratégia do CDS foi a de se demarcar do PSD. Assunção Cristas tem repetido que não irá viabilizar um futuro Governo de António Costa para se apresentar ao eleitorado como a única opção do centro-direita. Do lado do PSD, há uma tendência para desvalorizar a líder do CDS e apontar-lhe um certo tom de populismo.
A relação entre os dois líderes partidários nunca foi harmoniosa. Ao contrário de outros centristas, Assunção Cristas não conhecia bem nem trabalhou com Rui Rio, apesar de este ter sido eleito presidente da Câmara do Porto em coligação com o CDS. O primeiro encontro partidário entre os dois aconteceu depois de Rio ter conquistado a liderança do PSD mas só se realizou após uma primeira reunião com o primeiro-ministro António Costa.
Estava dado o primeiro sinal sobre as preferências do líder do PSD. Os centristas registaram-no. Outros desentendimentos foram públicos. Mas a sua homóloga, no CDS, também nunca escondeu que queria transformar o seu partido na única alternativa ao PS. Rui Rio chegou ainda a apontar como um “erro” a intenção de Cristas de votar contra o Orçamento do Estado para 2019 quando a proposta não era ainda conhecida. Disse “não ser sério”. Agora, voltou a dizer algo próximo. Será que o verniz vai estalar nas campanhas eleitorais?