Revolut promete linha de apoio a clientes e uma cultura menos agressiva
Empresa que aposta em ser diferente da banca tradicional lança número telefónico para resolver problemas de forma mais rápida. Expansão global vai exigir mais capital.
Os clientes do cartão Revolut vão poder tratar dos assuntos com a empresa através de chamadas telefónicas. A promessa é do fundador desta startup que entrou de rompante na área financeira e que, desde o lançamento em 2015, apenas podia ser contactada por mensagens. Porém, a sucessão de queixas de consumidores que alegavam lentidão na resposta levou a empresa a prometer uma linha de apoio telefónico.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os clientes do cartão Revolut vão poder tratar dos assuntos com a empresa através de chamadas telefónicas. A promessa é do fundador desta startup que entrou de rompante na área financeira e que, desde o lançamento em 2015, apenas podia ser contactada por mensagens. Porém, a sucessão de queixas de consumidores que alegavam lentidão na resposta levou a empresa a prometer uma linha de apoio telefónico.
Tom Hambrett, conselheiro geral desta fintech sediada em Londres, admite que “em certas situações resolve-se um problema mais rapidamente através de uma chamada”. Por isso, a criação de uma linha de apoio – que só servirá para determinadas questões – é ainda assim uma necessidade, reconhece o mesmo responsável desta empresa que conquistou grande popularidade em pouco tempo exactamente por fazer as coisas de forma diferente da banca tradicional.
Em menos de quatro anos de existência, a Revolut angariou 4,7 milhões de clientes, disse o Financial Times nesta quarta-feira. Todos os dias, regista a abertura de 12 mil novas contas. O fundador da empresa, Nikolai Storonski, concede que a empresa tem sentido “dores de crescimento”, com esta acelerada transformação de uma pequena startup para uma empresa com 900 trabalhadores. Até porque em Dezembro de 2018 obteve, na Lituânia, a primeira licença para lançar produtos bancários no mercado, através de contas de depósitos.
“Não tínhamos, de facto, orçamento suficiente para contratar muitos e bons profissionais para a área de compliance” naquela altura, admite este empreendedor de ascendência russa, cujo sonho é o de criar “o primeiro banco verdadeiramente global”.
O primeiro trimestre de 2019 foi, porém, uma sucessão de más notícias: o patrão da Revolut enfrentou acusações de bullying e burnout feitas por ex-funcionários; a Autoridade de Conduta Financeira, que regula 58 mil empresas de serviços financeiros no Reino Unido, bem como a Advertising Standards Authority (entidade de auto-regulação da indústria publicitária), também se lançaram contra a equipa de Storonski, por causa de campanhas publicitárias com dados falsos.
Storonski garante que a empresa “nunca fez nada de mal”, mas ao mesmo tempo admite em declarações ao Financial Times que a empresa adoptou uma nova postura. “À medida que crescemos, estamos a mudar a nossa cultura. Já não comunicamos de uma forma tão agressiva como o fazíamos antes”, afirma.
Ainda que mantenha o desejo de ser “radicalmente melhor” do que a banca tradicional, o conselheiro geral, Tom Hambrett, refere que há também uma nova atitude face à concorrência – de quem aliás a Revolut depende em parte para fazer negócio. “Nós precisamos dessas entidades. Isso é o desafio quando se é barulhento e impetuoso mas, ao mesmo tempo, se tem de gerir e comunicar com clientes e concorrentes. Penso que estamos a crescer nesse aspecto”, anota Hambrett.
A Revolut é um dos principais actores de uma legião de empresas fintech que têm surgido nos últimos anos a disputar território à banca tradicional, ao lado de outros nomes como Monzo, Starling, Tandem e a alemã N26. Com receitas de quase 15 milhões de euros em 2017, a empresa registou nesse ano um prejuízo de quase 17,5 milhões de euros. Mas o facto de as receitas se terem multiplicado por cinco no espaço de 12 meses deu confiança a investidores como a DST Global, que investiu 223 milhões de euros nesta startup, em 2018.
Há 250 mil clientes que pagam entre 8 e 15 euros por serviços premium (como transferências mais rápidas), mas vai ser preciso organizar mais uma ronda de investimento para suportar a expansão do negócio parta mercados grandes como Austrália, Singapura, Japão, EUA e Canadá.