Mário Centeno admite abrandamento económico prolongado na Europa
O ministro das Finanças português fala, numa entrevista ao Expansión , num abrandamento económico mais prolongado do que o esperado, mas também numa eventual recuperação na segunda metade do ano. Com espaço para debater o “Brexit”: “É um capítulo que temos de terminar o quanto antes”, diz.
“É certo que há uma desaceleração em marcha na Europa e que talvez seja menos temporária do que acreditamos”, afirmou o presidente do Eurogrupo (e ministro das Finanças português), Mário Centeno, numa entrevista ao jornal económico espanhol Expansión, publicada esta terça-feira.
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“É certo que há uma desaceleração em marcha na Europa e que talvez seja menos temporária do que acreditamos”, afirmou o presidente do Eurogrupo (e ministro das Finanças português), Mário Centeno, numa entrevista ao jornal económico espanhol Expansión, publicada esta terça-feira.
Questionado sobre a desaceleração que surpreendeu “pela sua intensidade e duração”, o ministro português respondeu que este abrandamento económico está relacionado com “riscos políticos”: “A incerteza cresce quando não se tomam decisões”. “As previsões apontam para uma recuperação na segunda metade do ano”, adiantou ainda Centeno.
Sublinhando a solidez da economia europeia, Mário Centeno acrescenta que a Europa está mais próxima de um acordo comercial com os Estados Unidos e a China do que estava há seis meses, e mais longe de um “Brexit” complicado. “Isto afasta a incerteza e o pessimismo da economia”, garante.
“O ‘Brexit’ é uma pena, mas é uma decisão soberana do povo britânico. É uma mudança estrutural que nos vai afectar a todos”, refere Centeno, argumentando que “o euro será o condutor de uma maior integração na União Europeia” depois da saída britânica. E acrescenta: “É um capítulo que temos de terminar o quanto antes.”
Com a aproximação das eleições europeias (a 26 de Maio), Mário Centeno defende que é precisa “liderança e ambição”. “Os partidos eurocépticos ou populistas surgem da sensação de que se demora muito tempo a tomar decisões a nível europeu para combater aquilo que foi uma crise de proporções enormes”, diz Centeno”. Para o ministro, a solução passa não pelo receio do crescimento destes partidos, “mas por mostrar aos cidadãos o que a Europa está a fazer e pode fazer por eles”.
Com a saída anunciada do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, e com a crescente especulação sobre o nome que o substituirá no final deste ano, Centeno admite que esta é uma das decisões mais importantes a serem tomadas. “É preciso que o presidente do Banco Central Europeu seja uma pessoa totalmente comprometida com o projecto europeu e que dê confiança.”
Na entrevista, são abordadas sobretudo questões relacionadas com a economia europeia. Quanto à recuperação económica de Portugal, Centeno é categórico: “Não sou de acreditar em milagres. A recuperação de Portugal tem a ver com o esforço e paciência dos cidadãos, e depois com a forma prudente com que utilizámos a margem de manobra que se abriu com a saída do resgate.” Nesta terça-feira, o Eurostat confirmou que Portugal conseguiu igualar em 2018 a média da zona euro no que diz respeito ao défice, mas a dívida pública continua a ser a terceira maior.