Aviões de papel e “festa” estragada: activistas interrompem discurso de Costa
Ironia do destino: na festa de aniversário do PS em que o homenageado era Alberto Martins, o presidente da Associação Académica de Coimbra que pediu a palavra a Américo Thomaz, um jovem de barbas quis tomar a palavra enquanto António Costa discursava. Foi tirado do palco em meio minuto.
António Costa arregalou os olhos quando um jovem de barbas lhe puxou o microfone e tentou tomar a palavra, mal o líder do PS começava a discursar. Aviões de papel voavam na sala da antiga Feira Internacional de Lisboa, à Junqueira, onde se comemoravam os 46 anos do partido, e um grande cartaz dizia ao que vinha, ele e outros três: “Mais aviões só a brincar”.
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António Costa arregalou os olhos quando um jovem de barbas lhe puxou o microfone e tentou tomar a palavra, mal o líder do PS começava a discursar. Aviões de papel voavam na sala da antiga Feira Internacional de Lisboa, à Junqueira, onde se comemoravam os 46 anos do partido, e um grande cartaz dizia ao que vinha, ele e outros três: “Mais aviões só a brincar”.
Eram quatro jovens do Montijo e tinham subido ao palco para contestar a construção do aeroporto que o Governo quer construir naquele concelho. Em menos de meio minuto, os jovens foram retirados do palco pelos seguranças e António Costa pôde prosseguir o discurso. Deixaram um comunicado curto: “Lamentamos estragar a vossa festa, mas o rio Tejo, aqui ao lado, a nossa cidade e as futuras gerações nada têm para celebrar”.
A ironia não podia ser maior: aquela era também uma cerimónia de homenagem a Alberto Martins, o histórico líder da Associação Académica de Coimbra que pediu a palavra a Américo Thomaz, a 17 de Abril de 1969, e lhe foi recusada. Foi o deflagrar da crise académica de 1969, já considerada a antecâmara do 25 de Abril, que havia de acontecer cinco anos depois. Antes do jantar, em conversa com o PÚBLICO, Alberto Martins tinha já dito o que a crise académica de 1969 podia ensinar ao presente: “Só quem compreende o passado pode sonhar e construir o futuro”.
“A luta pela liberdade e pela democracia faz-se todos os dias”, afirmou António Costa no púlpito onde os jovens activistas não chegaram a ter oportunidade de falar.
Mal saíram de cena, retirados pelos seguranças, o secretário-geral do PS começou por lembrar que o jantar servia para assinalar “três momentos fundamentais” da luta pela liberdade: o meio século da crise coimbrã, os 46 anos do PS e os 45 do 25 de Abril. “Em todas as gerações houve socialistas na primeira linha do combate pela liberdade”, uma “luta que continua porque há sempre novas ameaças à democracia e à liberdade”, frisou.
Sempre em tom de campanha eleitoral, António Costa sublinhou a importância de “dar força ao PS”. “Não é só nas eleições regionais da Madeira, que vamos ganhar pela primeira vez, não é só em Outubro, quando ganharmos as legislativas. Precisamos de dar força ao PS já nas europeias, onde temos de ter uma grande vitória do PS”, defendeu. Com Lusa